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Um novo pai como antídoto do velho patriarcado

02/08/2024


por Mauricio Orth

Antes de tudo ser como hoje é, a força matriarcal era uma realidade. A deusa-mãe, relacionada à natureza e à agricultura, exercitava sua hegemonia até o início da Idade do Bronze (aprox. 3500 AC).

Naquela época, o que se entendia é que as mulheres detinham, exclusivamente, o dom da fertilidade. O vínculo entre sexo e fecundação ainda não era sabido.

Como os homens caminhavam dias atrás de caça, a agricultura era atribuição das mulheres. Além de terem o dom de parir, todo o cultivo, germinação e crescimento vegetal eram associados a elas, que desta forma assumiam o poder sobre a vida e a morte.

Com o tempo, os homens constataram que só caçar os animais ocasionava a diminuição de sua quantidade e por isso resolveram domesticá-los. Foi através da observação dos rebanhos que o homem descobre a contribuição do macho na procriação. 

Assim, o homem descobre que é pai. Essa conscientização do papel fundamental do macho na procriação abre as portas para o patriarcado. É diante desta constatação que o homem toma para si a concepção da vida, pelo sêmen, e assim passa a diminuir a importância da mulher.

Aos poucos, os conceitos que sustentam o sistema patriarcal vão criando a mentalidade de superioridade e autoritarismo em relação a esposa e aos filhos na família e na sociedade.

No Brasil, esse modelo toma a forma que hoje conhecemos desde o século XVI, a partir da herança cultural portuguesa, aliando o passado medieval europeu à influência do modelo de patriarcado muçulmano, de quem os portugueses absorveram muitas características.

O modelo gerou no Brasil uma forma de organização social que teve grande implicação em nossa organização política. Trata-se do “patronato político”. Você já deve ter ouvido falar na prática do “apadrinhamento” e do “clientelismo” por parte dos chamados “coronéis”, líderes políticos locais. Pois bem, essas práticas têm suas raízes no patriarcalismo. 

Antídoto contra o patriarcado

Ao monopolizar a vida pública e ser a figura do poder, o homem se distancia afetivamente da esposa e dos filhos. O papel controlador e soberano não dá margem para manifestações de afeto. Nada pode comprometer a figura de senhor e chefe.

O especialista em gênero e masculinidade Victor Seidler, professor emérito do Departamento de Sociologia da Goldsmiths, Universidade de Londres, coloca que “para manter sua autoridade, os pais patriarcais têm de manter distância dos filhos. Essa distância os impede de se relacionarem emocionalmente. Os pais estavam ‘na’ família, mas não faziam parte dela”. 

Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora executiva da ONU Mulheres, costuma nos lembrar que muitas mulheres e meninas no mundo inteiro dedicam um número excessivo de horas aos afazeres domésticos. Essa divisão desigual do trabalho não remunerado está diretamente relacionada à irresponsabilidade ativa no desapego que milhões de pais exercem em todo o planeta.

Aproximadamente 80% dos homens serão pais biológicos em algum momento da vida e quase todos os homens têm alguma interação socializadora com meninas e meninos. Para que a vida continue, os pais importam e impactam.

Nesse dia dos Pais: Corresponsabilidade

Se o patriarcado é um veneno para o mundo, é porque ele é um veneno para a igualdade. Por isso, o envolvimento do pai na criação dos filhos é um dos melhores antídotos de que dispomos na atualidade. Chamaremos isso de paternidade igualitária.

Assim, para alcançar uma igualdade real entre mulheres e homens, alterações nas relações de igualdade na família são imprescindíveis e  irrenunciáveis. Para conseguir isso, é essencial ressignificar a paternidade.

Ressignificar a paternidade passa pela revisão do que significa ser homem. Ele não pode mais se considerar o centro da existência. Para ele, isso significará um enfrentamento emocional inédito.

A paternidade igualitária é transgressiva e saudável

Ela então se torna um dos fatores mais poderosos da transgressão e transformação de papéis sociais. Além disso, é fator de saúde, pois ajuda as crianças a crescerem mais saudáveis; implica no desenvolvimento de relações afetivas seguras e por isso permitem um melhor desempenho escolar, em um impacto positivo no desenvolvimento emocional de meninas e meninos. Contribui ainda para o empoderamento de mulheres e meninas, além de reduzir a violência contra mulheres e crianças. E, é claro, torna os homens mais felizes e saudáveis.

Ressignificação pela igualdade

As novas gerações, principalmente a partir dos millenials, hoje pessoas na faixa dos 35 anos, têm uma visão mais ampliada do que é ser pai, buscando evoluir e tornar mais igualitário o cuidado dos filhos. O novo modo de pensar se reflete no comportamento e na forma de encarar a vida.

Os pais de hoje assumem mais sua prole de forma quantitativa (mais tempo) e qualitativa (afeto), pois entendem que sua responsabilidade na criação e cuidado é equivalente à da mãe, um não sendo mais importante que o outro. Ambos são essenciais para o desenvolvimento da criança. Cada um à sua maneira.

Este papel já começa antes e acompanha toda a gestação: a figura paterna lê livros, acompanha a mãe nas consultas médicas, ajuda e apoia em alguma dificuldade, conversa com profissionais na busca de tornar a experiência mais simples e prazerosa, participa do parto, escolhe o nome, compra as roupas do bebê, arruma o quarto, entre outros.

Criação com apego

Paternidade com apego significa estabelecer um vínculo emocional, fortalecendo a relação através da presença constante e atendimento das necessidades da criança de forma amorosa.  Atenção, ajuda, diálogo, disponibilidade, carinho, acolhimento, confiança, ensinamentos, experiências significativas, entre outros.

Novos modelos de paternidade

Paternidade não está mais associada ao pai biológico, já que pode ser exercida por quem representa esse papel: quem cuida, quem cria e quem dá afeto.

A adoção também se faz presente na paternidade atualmente, enfatizando que pai é aquela pessoa que cria, consolidando os novos modelos de família: duas pessoas do mesmo sexo que decidem adotar uma criança, por exemplo.

Vamos transgredir, ressignificar. Vamos compartilhar. Que uma nova forma de ser pai ganhe força para derrubar uma velha forma de exercer o poder.


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