27/07/2024
A nova geração de crianças e adolescentes já nasceu em um mundo onde a tecnologia ocupa um espaço gigante em toda a sociedade. A educação tradicional baseada em notas, provas e habilidades genéricas segue um modelo do século 18, aplicado para crianças e jovens do século 21 e parece não mais dar conta das suas necessidades e interesses.
A pandemia trouxe o mundo digital ainda mais presente e a geração que entrou em 2020 enquanto crianças, se tornaram jovens aprendizes de um mundo de telas, relações virtuais e pouco contato com o corpo e com a natureza. Nesse contexto, as dificuldades sociais e questões complexas relacionadas ao coletivo se tornaram preocupantes, ainda mais na fragilidade da adolescência com a sua revolução hormonal e emocional típicas da idade. A parceria de família e escola é uma grande aliada para atravessar juntos os desafios.
O Colégio Viver constrói há mais de 30 anos uma metodologia própria e reconhecida como uma das 21 escolas transformadoras no Brasil pelo Instituto Ashoka e pela Alana (e uma das 280 no mundo). Em levantamento do MEC de 2015, foi mapeada como uma das 178 escolas como modelo de inovação e criatividade educacional.
Por meio do desenvolvimento de projetos individuais e coletivos, as tutorias, as matérias eletivas, os fóruns de participação democrática como a assembleia, educação física além de jogos e bolas, mediação de conflitos, musculatura socioemocional, muito contato com a natureza e com temas atuais, o Colégio Viver atende desde a Educação Infantil ao Ensino Médio, preparando pessoas para viver e não apenas entregar boas notas.
Liberdade com reflexão
Por ser uma escola dinâmica por excelência, a experiência de cada estudante consigo mesmo e com o coletivo vai se transformando organicamente como acontece na vida e na lei perene da impermanência. “A sociedade tem trazido para os jovens e crianças demandas descontroladas e as famílias não estão sabendo lidar, não está fácil”, relata a socióloga Maria Amélia M. Cupertino, cofundadora e coordenadora do Viver. “Aqui buscamos trazer equilíbrio para faltas e excessos.” E explica: “ O uso de celulares é conversado sempre e decidido em assembleias. Algumas vezes estudantes têm autonomia para tomar decisões que impactam todo o coletivo, outras vezes não, como no momento atual, só permitimos celular na entrada e na saída da escola e essa decisão foi dada pelos adultos.”
A estudante do 9º ano, Isabela Santino de Sá, recentemente considerada poetisa de alta performance na final do Slam Interescolar que participou, conta sua experiências com celulares na escola: “Eu nunca fui viciada em aparelhos eletrônicos, porém, é inevitável eu não os usar, a escola sendo um local em que é proibido o uso dos celulares, vejo que as pessoas se comunicam mais e aproveitam essa fase que estão passando praticando esportes, conversando, jogando etc., o que é muito bom e raro em um mundo como esse que é dominado por telas.”
A natureza educadora
A metodologia do Viver trabalha para que seres humanos sejam mais autênticos, saudáveis, solidários e autônomos. “O Colégio Viver incentiva diversas atividades que me fazem passar mais tempo fora da sala de aula, como aulas de educação física, as eletivas que incentivam o exercício e as aulas que têm a ver com teatro. Essas atividades me permitem ter mais contato com a luz do sol e a natureza, o que é essencial para a minha saúde e bem-estar. Além disso, conviver com meus colegas nesses momentos fora da sala de aula também me ajuda a desenvolver habilidades sociais importantes”, reconhece Jorge de Toledo Gomes, estudante do 9º ano no Colégio Viver, que começou na escola na Educação Infantil.
O contato com a natureza é receitado em alguns países como Japão, Costa Rica e Finlândia e se tornou política pública de saúde mental. “A natureza tem um tempo diferente. Está tudo muito rápido e o contato com a terra, com a horta, com a natureza que temos a oportunidade de ter em abundância na escola, favorece o equilíbrio. Não é ficar passando a tela de celular, é cavar um buraco e isso leva tempo e atividade física”, observa Maria Amélia e traz uma curiosidade: “Eles adoram pegar na enxada, mesmo quando resistem no começo, depois não param. É um sucesso, tanto na horta, como nas atividades de bioconstrução”.
Nessa escola não há carteiras enfileiradas e silêncio absoluto. O lugar da curiosidade, do diálogo e da observação são o fio condutor da jornada de aprendizagem. “O Viver trouxe para mim uma segurança que nunca senti em outro local. Eu me sinto ouvida, posso até dizer que tenho esse privilégio, de podermos nos expressar da forma que quisermos e isso através de assembleias, da arte, do esporte, nas matérias, entre outros, o que pra mim ajuda a contar um pouquinho da minha história e me autoconhecer também. Eu sou uma poeta, eu escrevo poemas e isso foi uma habilidade que eu desenvolvi e aprendi junto com o Viver”, observa com reconhecimento Isabela de Sá e finaliza no alto de seus 14 anos: “Vejo a escola como esse primeiro desafio que passamos e que é necessário para nós, seres humanos, aprendermos a conviver em sociedade, e sinto que com o Viver estou crescendo e me preparando cada vez mais para o meu futuro.”
Educação Solidária
Para ter uma reprodução da Sociedade, sendo uma escola particular, o Viver contempla com bolsas de estudo educandas(os) de baixa renda dos bairros da vizinhança, fazendo da escola um local inclusivo e democrático.
O Instituto ComViver é outra iniciativa fundada por profissionais do colégio e apesar de independentes, tem vínculos bem profundos, mantém-se muito ligado a ele, mas são independentes. Atua nas 3 escolas do bairro Miguel Mirizola, com ações diretas com estudantes (mediação de leitura, cultura de paz, reforço escolar) e na formação de professores. Além disso, foi responsável pela instalação e mantém a biblioteca comunitária do bairro, a Mirizartes.
Quais humanos queremos deixar para o planeta?
Que sejam sábios, curiosos, solidários e que tenham aprendido a aprender a vida toda!
Serviço:
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