02/10/2024
Informado sobre o fato, o Site do Granja conversou com Andrea Paula Machado, que juntamente com seu marido Thomas Glens, é proprietária da Cia dos Bichos, com CNPJ estabelecido desde 2010.
“Nós não solicitamos nenhuma poda. Sem nenhuma informação prévia, no último sábado (28/09) pela manhã formos surpreendidos com uma equipe da empresa WF Paisagismo cortando a nossa cerca e já iniciando o corte das árvores. Nosso segurança toca a campainha para avisar que tem homens cortando cerca, fui correndo, vejo 12 a 15 pessoas dessa empresa que dizem estar fazendo obra da rua, a mando da prefeitura.”, diz Andrea. Ela continua:
“A estrada do Capuava dá uma afunilada mesmo.. só que começaram a cortar dentro do imóvel também. Pensamos que iam cortar os três pinheiros que ameaçavam a segurança da rua, mas não, porque o corte começou na entrada da nossa garagem, em área totalmente particular, e continua em toda a extensão de nossa cerca, que foi destruída em diversos lugares.”
“Depois de várias horas, apareceu um senhor que se identificou como William, da prefeitura, e nos entregou uma xerox da Anuência Ambiental SVMA 0242/2024, assinada pelo secretário do Verde e Meio Ambiente, Agnaldo Gomes Pereira.
O caso correu pelas redes sociais e Ângela Serrano, advogada e candidata a vereadora, soube do fato e enviou ao secretário perguntas sobre o que estava acontecendo, que assim respondeu:
“Boa tarde
Sim, a supressão de 10 eucaliptos que se encontram em área pública foi autorizada. Haverá o alargamento da via conforme já previsto no decreto de criação da via. Lembrando, trata-se de supressão de árvores exóticas para fins de obra pública. Quem deve responder quanto a titularidade da área ser pública ou privada é (a Secretaria de) Obras. Pois a autorização é bem explícita em relação a isso. Em momento algum foi pedido esclarecimento à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. .”
Se é obra de alargamento de via e disto ocorrerá uso de parte de imóvel particular, o proprietário precisa ser notificado com antecedência e receber uma avaliação. Neste sentido, Andrea enviou e-mail questionando a Secretaria de Obras e até o momento da redação dessa matéria ainda não havia obtido resposta.
Sobre a legalidade da ação
Mas, a despeito de serem ou não proprietários dessa faixa onde a supressão acontece, a ação foi considerada pelos proprietários como brutal e incivilizada. A cerca foi destruída sem comunicação prévia e diversos troncos foram arremessados para dentro da propriedade. Segundo Andrea, não houve nenhuma evidência do profissionalismo requerido para podas e remoções de árvores desse porte. Galhos altos (e grandes) eram simplesmente cortados e caiam aleatoriamente. Nenhuma equipe de trânsito estava presente para prover segurança e disciplina na estrada, que era “administrada” aos berros de forma amadorística pelos integrantes da WF, empresa contratada pela prefeitura para a tarefa.
“É surreal, estamos anestesiados", diz Andrea: “Enviamos e-mail para a Secretaria de Obras, ainda sem resposta. Às 11:00h do sábado, duas horas após o início da supressão, chega essa pessoa que se identifica como William dizendo ser da prefeitura com essa autorização da supressão. Nela está escrito “Ponto de referência, Cia dos Bichos”.
Tradição
A Cia dos Bichos está no local há 26 anos. Em seu site, lemos na apresentação: “Estamos abertos aos sábados, domingos e feriados, das 10 hs às 17 hs. Em setembro, o saci-pererê está aparecendo aqui no bambuzal todos os finais de semana, para contar suas “aprontações”.
Nem o Saci aprontaria uma dessa: Sem notificação, os proprietários ficaram sabendo do alargamento da estrada por esse William, que disse que a estrada iria tomar 1,5m para dentro do terreno dos dois lados.
A Cia dos Bichos conta com mais de 20 espécies de animais que, segundo Andrea, manifestaram estresse severo pelo barulho e tremor das podas e dos troncos indo ao chão. No sábado à tarde, aparece uma Policial da GCM que diz “só vai cair folhinhas”.
A “obra” continuou sem nenhum suporte ao trânsito, sem preparação. Andrea ficou sabendo também que a prefeitura havia decidido fazer nos finais de semana, justamente quando a Cia dos Bichos está aberta ao público em geral.
“O Secretário de Obras irá falar com vocês”, disse uma pessoa, que se identificou como Wilson, da empresa WF.
Segundo Andrea, a Cia dos Bichos é um negócio todo documentado, legalizado, situada em um imóvel também totalmente legalizado. A empresa paga impostos, gera empregos e receita ao município. A empresa ainda está em recuperação da pandemia, e Andrea viu e sentiu nisso tudo uma falta de organização considerada ofensiva: “A hora que acabar, refaz a cerca.” Ouviu do Wilson.
Vale lembrar que, segundo Andrea, a Cia dos Bichos tem cortes de fornecimento de energia elétrica frequentes e ainda não possui sequer água canalizada. Andrea ainda lembra que “quando da criação da estrada, já foi cedido à prefeitura parte da área e a cerca está na mesma posição há mais de 60 anos quando o meu sogro comprou o imóvel. Um dinamarquês correto até o último fio de cabelo, e nós nunca demos um jeitinho de puxar a cerca pra frente pra ganhar alguns centímetros de terreno.”
O Site da Granja ficará atento aos desdobramentos do ocorrido.