07/11/2024
Um casal de idosos foi feito refém por quatro criminosos que invadiram um sítio em Cotia. As vítimas foram amarradas e agredidas durante o assalto. Os bandidos roubaram nove armas e mais de sete mil munições.
O idoso de 77 anos precisou ser resgatado por ambulância devido aos ferimentos. A polícia investiga o caso e encontrou o carro usado pelos criminosos com documentos da família dentro. O crime ocorreu na manhã de quarta-feira (6) na Rua Áustria, no Jardim Santa Paula.
Durante o roubo, o idoso, sua esposa e o caseiro foram feitos reféns. O dono da residência foi agredido na cabeça com coronhadas. Ele foi atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Atalaia para cuidados médicos.
Segundo a polícia, além da coleção de armas e munições, os bandidos levaram diversos relógios e celulares das vítimas. O bando ainda fez transações bancárias via Pix, transferindo cerca de R$ 30 mil das contas dos proprietários da residência para outras, de “laranjas” (pessoas que cederam contas bancárias para receber dinheiro de ações criminosas).
O caso foi registrado na Delegacia de Cotia. A Polícia Civil vai buscar câmeras de segurança e ouvir depoimentos de testemunhas para tentar identificar e prender os criminosos.
Coleção de Armas: Você é contra ou a favor?
Melina Risso, uma das diretoras do Instituto Igarapé (ONG dedicada à segurança pública e aos direitos humanos) diz que enxergar as armas como instrumentos de autodefesa é equivocado:
“A arma de fogo é um instrumento bom para o ataque, mas não para a defesa. A vítima, mesmo tendo uma arma em casa, não conta com o elemento surpresa. O bandido, quando quer roubar uma casa, planeja o ataque justamente para o momento em que a vítima menos espera. Como a arma para a autodefesa costuma ficar escondida num lugar de difícil acesso, pelo perigo que representa para a família, o cidadão dificilmente consegue alcançá-la a tempo para contra-atacar.”
Isabel Figueiredo, conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (ONG que, com o Ipea, elabora todo ano o Atlas da Violência), coloca um dado a mais: “As pesquisas mostram que pelo menos 40% das armas em situação ilegal que as polícias apreendem no país tiveram origem legal. Os agentes chegam a encontrar armas usadas em crimes que não chegaram a ficar nem um ano com o dono original. Entre a arma legal e a ilegal, a fronteira é muito tênue. Outro discurso equivocado é o de que o bandido se arma à vontade enquanto o cidadão de bem fica proibido de se armar. A verdade é que, quando o dito cidadão de bem resolve se armar, no fim das contas ele acaba armando é o bandido.”
Já Leopoldo Fiewski, um dos diretores da Confederação Brasileira de Caça e Tiro (CBCT), pensa justamente o contrário:
“As forças de segurança pública hoje não dão conta de cuidar de todas as cidades, de todas as ruas. Nós entendemos que o cidadão de bem precisa da arma para defender a sua casa, a sua fazenda ou seu negócio. Todos sabem que o bandido, ao saber que naquela propriedade há uma pessoa armada, vai pensar duas vezes antes de invadi-la. Hoje a criminalidade age tranquilamente porque entende que o cidadão não está preparado para reagir. E é importante lembrar que a posse e o porte de arma exigem treinamento. Um atirador civil mediano dá mais tiros treinando num único fim de semana do que um policial num ano inteiro. O cidadão de bem, quando tem a ficha limpa, passa no teste psicológico e é capacitado para usar a arma, pode agir como força suplementar na segurança pública. “
E você: é a favor ou contra?