31/08/2020
Por Mônica Krausz
É difícil escrever sobre a partida de uma pessoa tão querida. Por cerca de três anos, entre 2012 e 2014, quando editei o Jornal Mais Conteúdo, que depois se tornou revista, conversava com Tom Coelho sobre as colunas que ele escrevia para a publicação. Geralmente elogiando o que escrevia! Super organizado, ele escrevia as colunas com bastante antecedência e sempre lançava temas importantes para a nossa reflexão: sobre o desapego, sobre a vida, a família, as amizades, sobre o que realmente era importante na vida.
Tom Coelho era formado em Publicidade pela ESPM e Economia pela USP, especializado em Marketing e em Qualidade de Vida no Trabalho, além de mestrado em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente. Foi executivo, empresário, secretário geral do IQB/ INMETRO, diretor do Simb/Abrinq e VP da AAPSA. Atuou como professor em cursos de pós-graduação, conferencista, escritor com artigos publicados em 17 países, foi diretor da Lyrix Desenvolvimento Humano, da Editora Flor de Liz e do NJE/CIESP, além de Conselheiro do Consocial/FIESP.
Um dia resolvemos fazer uma reportagem na casa dele, contar um pouco de sua história, de sua família... Foi quando conheci a sua esposa Renata e a pequena Liz, que devia estar com uns quatro ou cinco anos de idade na época.
Foi daquelas entrevistas que você entra conhecendo um pouco da pessoa e sai super fã da mesma. Quanto ensinamento ele me passou em poucas horas de bate-papo. Contou sobre o seu primeiro casamento, sobre o tempo das vacas gordas, quando foi empresário, e depois o tempo das vacas magras, quando após falir nos negócios e sem conseguir um emprego, conseguiu mudar o rumo de sua vida fazendo palestras motivacionais sobre superação.
Lembro de ter me emocionado ao saber que certa vez, ele estava tão sem dinheiro, que ao buscar os filhos para passar o final de semana com ele só pode comprar meio frango assado para eles e que deixou de comer para que os filhos comessem. Estava morto de fome, mas disse que estava enjoado para que os filhos comessem. Que pai!
Mas o cara que eu estava entrevistando já era outro: já tinha se reerguido na vida, morava em uma casa confortável em um condomínio de alto padrão na Granja Viana. Estava muito bem casado com a Renata Leal Coelho sua companheira até a última hora e babava de orgulho de sua filhota Liz.
Em 2019 Tom Coelho foi diagnosticado com ELA, a esclerose lateral amiotrófica, doença que afeta irreversivelmente o neurônio motor. Foi enfrentando progressivamente limitações físicas, mas mesmo assim ainda encontrou forças para escrever o livro “6 meses de vida”, que trata da finitude da vida.
A revista Mais Conteúdo fechou em 2014, perdemos o contato profissional, mas o carinho ficou. Hoje ao abrir meu facebook soube de sua passagem. Tinha que escrever sobre o meu sentimento de saudade e não de perda porque minhas crenças me fazem acreditar que ele só está do outro lado do véu, livre do corpo doente, partindo para novas missões.
Vá em paz amigo e olhe por nós.
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