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Conexões Humanas e Saúde Mental

Adolescência: Já sobrevivemos a essa condição?

28/03/2025



"Não importa o que fizeram do homem, mas o que o homem faz daquilo que fizeram com ele." – Sartre


Por que o filme da Netflix “Adolescência” mobilizou tantas pessoas sobre esse assunto?


Uma das respostas é que esse filme nos faz lembrar da angústia, da ansiedade e das incertezas da vida pelas quais já passamos — e continuamos a passar — e não queremos que nossos filhos passem. Sinto informá-los: eles passarão. De uma forma ou de outra, viverão experiências que podem não ser tão agradáveis, mas também terão outras tantas, inesquecivelmente felizes.


Na realidade, o filme aborda a crise existencial e de identidade que a sociedade vem enfrentando. Isso faz da vida um caminho de escolhas.


Jean-Paul Sartre (1905-1980) escreveu a frase icônica citada acima no livro Saint Genet: ator e mártir. O que deveria ser apenas um prefácio encomendado por uma editora francesa para abrir as Obras Completas de Jean Genet acabou se transformando em um ensaio profundo sobre a vida e obra do famoso e polêmico escritor francês.


E então surge a questão: o que você faz com o que fizeram com você?


Essa frase nos convida a refletir sobre o que foi e o que é a nossa adolescência. Ela nos dá pistas que podem nos ajudar a compreender nossa existência tão conturbada e, assim, a lidar melhor com nossa angústia e ansiedade em relação à adolescência de nossos filhos.


Na realidade, o filme em questão é um alerta para as famílias e para a escola, mostrando o quanto essas duas instituições estão perdidas.


A escola, porque não sabe — e talvez nunca tenha sabido — lidar com conflitos. Como é dito no filme, mais parece um reformatório do que um centro de desenvolvimento do conhecimento e da cidadania. Uma escola que não sabe lidar com valores, que não desenvolve habilidades e competências essenciais para a formação de um futuro cidadão, que não dá exemplo de ética, acaba sendo um ambiente onde o adolescente faz o que quer, da forma mais cruel que um ser humano pode ser nessa fase da vida.


A morte da adolescente no filme é um símbolo da desvalorização da vida. O assassinato surge como uma escolha desesperada para quem sofria bullying calado. Quando o protagonista é exposto e chamado de "incel", os outros adolescentes estão, de certa forma, matando o que há de mais frágil nesse período: a sexualidade, que ainda está em desenvolvimento. Triste!


O filme também trata da vulnerabilidade dos adolescentes.


A família, sem saber como lidar com uma situação tão grave, revela a fragilidade de uma educação pobre em valores. Os pais fazem o melhor que podem, mas seus filhos são muito diferentes entre si. O casal fica na dúvida entre ser mais liberal ou mais conservador. Grande dilema! E aí vem a célebre pergunta:


"Onde foi que eu errei? Dei tudo o que não tive, e acontece isso?"


Não trabalho com culpa. Todos nós estamos no mesmo barco da vida. Como adultos, deveríamos ensinar valores, criar hábitos saudáveis, desenvolver responsabilidade social e dar suporte às crianças e adolescentes. Para crescer, é preciso ser forte, ousado e, muitas vezes, transgredir, reinventando o velho e ressignificando o novo. Isso é criatividade, isso é transformação, isso é evolução.


Triste filme, que desnuda e expõe a cruel realidade de uma sociedade egoísta e narcisista, que cria seus filhos sem limites, sem educação, sem respeito — onde tudo pode. Pode?


Espero que sejamos mais presentes na vida dos nossos filhos, sem culpa e sem ressentimentos. Somos humanos, e por isso erramos. Nossos pais também erraram conosco, e nem por isso a vida deles acabou — nem a nossa. Somos responsáveis por nossas escolhas e precisamos ensinar isso às nossas crianças.


Aquilo que nós, pais, não tivemos tempo de ensinar, não se preocupe: a vida ensinará. Talvez não da maneira como gostaríamos, mas, sem dúvida, a lição ficará marcada — assim como ficará na vida do protagonista dessa triste história.


A elaboração dos processos de aprendizagem da vida possibilita o crescimento e a maturação do indivíduo, consolidando sua entrada na sociedade de forma suave ou mais dura. Essa é uma das grandes escolhas da vida.


"A humanidade não passa da adolescência; alguns poucos chegam à maturidade e pouquíssimos alcançam a sapiência." – Freud


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Cecilia Gasparian

Dra. Maria Cecília Gasparian é Mestre e Doutora em Educação, Terapeuta de Casal e de Família pelo ITF e Psicopedagoga pela PUC-SP.
Site: Cecília Gasparian

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