19/02/2014
Existem palavras desconhecidas que de repente se mudam de mala e cuia para minha boca. Aplicativo é uma delas. Para minha avó essa palavra, no máximo, remeteria à injeção, bem aplicada!
Aprendi a falar e usar um aplicativo antes mesmo que soubesse sua definição, que só agora fui procurar : “um programa de computador que tem como objetivo ajudar o seu usuário a desempenhar uma tarefa específica”.
Os fabricantes de radares e os governos se entendem bem e por isso há muitos deles espalhados por aí penalizando quem ultrapassa velocidades. Há também um aplicativo israelense que identifica esses radares e avisa onde eles estão. Wase ele se chama e é gratuito. Seu serviço é muito mais do que ajudar a evitar multas, acessível pelo celular ele indica caminhos, calcula tempo de percurso, fornece muitos dados relativos ao trânsito. Leio que ele é baseado em uma comunidade de 70 milhões de usuários espalhados pelo mundo que o alimentam com informações de maneira colaborativa. Nessa época de vidro fumê (uma palavrinha já aposentada?) ele permite também a boa, velha e imortal paquera. Ele avisa quem está ao seu lado no trânsito, também plugado e … bom, aí o resto da história segue os moldes tradicionais.
Nesse universo do romance tem o Tinder, outro aplicativo interessante. Ele te avisa quem está por perto de onde você está e que também aderiu a ele, mostra foto e dados pessoais. Se você gostar da mercadoria, digo, da pessoa, você curte. Ela não vai saber que você curtiu, por isso não há margem para se sentir rejeitada/o e se magoar com o programa e com o rejeitador em questão. Se acontecer de ele te curtir também, os dois são avisados e pronto, uma janela para bate papo se abre e então, de novo, os métodos antigos entram em ação, e aí não tem aplicativo que dê jeito na Sra Química, caso ela não dê as caras.
Falei em mercadoria, mas na verdade, não vejo desse modo. Acho bom que hajam muitas possibilidades de encontro sejam elas através de aplicativo ou de uma aproximação causada por amigos onde isso é uma prática consagrada, como, por exemplo, na comunidade judaica. Claro que histórias imprevistas e mirabolantes de encontros, onde as cartas estão mais embaralhadas pelo acaso, são mais fascinantes, mas Cupido não tem preconceito e desse jeito, via aplicativo, fica até mais fácil para ele, que pode só sussurrar “curta, curta!” no ouvido da sua... vítima?
Tem aplicativo para tudo: soube de um que informa os pescadores de uma praia paradisíaca da Bahia se o mar está para peixe, como está o clima etc. Quando soube disso, a velha hippie que mora em mim ficou se perguntando se eles precisavam mesmo segurar um IPad na mão além de uma boa vara de pescar. “Assim, não perdem o dia, não enfrentam tempo ruim...” me disseram. Bom, é verdade, quem quer perder viagem? ... thanks Wase! Quem quer arrumar namorado, namorada? Tanks Tinder!
Novas palavras na minha boca, bem instaladinhas, nem sempre bem compreendidas... mas vou indo, em franco progresso, aprendendo esse novo idioma, esse novo jeito de se relacionar com o mundo ao redor através de uma pequena tela, enorme janela para o mundo!
Foto Ligia Vargas