24/06/2013
Que bom, o Brasil acordou... Abriu seus olhos e disse que tudo aquilo que vem engolindo não tem como ficar dentro, tem que sair...
Saiu em palavras de ordem das mais diversas, nos cartazes feitos por pessoas e não por partidos. Saiu na vontade de ir para a rua e se juntar com pessoas e mais pessoas, para andar lado a lado. Para ser povo, parte fundamental de uma nação.
Na manifestação que eu fui, na segunda –feira, 17 de junho, na Av. Faria Lima não tinha polícia, nem violência, depredação ou lixo nas ruas. Na verdade, o que mais tinha eram pessoas decentes. O Brasil está cheio delas.
Gente que vem engolindo, pagando impostos e apertando o cinto todo o tempo para não cair na armadilha dos juros do cheque especial, do cartão de crédito...
Aprendo com minha amiga argentina que lá no país dela eles reclamam o tempo todo do que está errado. Ela sugeriu que fizéssemos uma lista do que precisa ser mudado por aqui na nossa Granja expandida e fizéssemos uma manifestação mensal até aquele problema estar resolvido. Acho que é isso que está faltando, nos sentirmos parte do problema, da solução, do governo.
Tem um site, chama Vote na Web. Ali estão listadas em linguagem acessível as leis que estão sendo votadas. Por exemplo, um senhor deputado quer obrigar as escolas a instalarem sistema de segurança com câmeras de filmagem e controle de acesso.
Quem acessa o site pode votar, e por ali vejo que a maioria das pessoas vota que sim, que obrigue as escolas. Ai, ai, totalmente na contra mão do que penso, eu que tive os filhos na Escola Ágora, que tem apenas um portão de madeira que nunca vi fechado. Quem vai pagar por todo esse aparato controlador? Os papais e mamães claro!
Enfim, os votos neste site não são válidos, mas o resultado da apuração é levado aos parlamentares para que eles saibam o que o povo anda pensando. E por ali também ficamos sabendo o que vai sendo bolado nas cabeças criativas desses deputados. Ai, assustadora criatividade que impacta nossas vidas!
“O Gigante acordou” dizia o povo na avenida. O Gigante é feito de tanta gente e é aí que mora o nosso poder. Gente que se conecta pela internet e assim se mobiliza. Qualquer um de nós pode segurar a bandeira da paz, a bandeira da mudança.
Soube que uma tribo norte americana, os Apaches Chiricahua, foi a que deu mais trabalho na colonização dos EUA. Nela havia um líder que tinha o nome de Gerônimo. Na verdade não era uma única pessoa, era uma função. Qualquer um da tribo era o Gerônimo, por isso, quando os “brancos” achavam que tinham matado o tal Gerônimo, aparecia outro em outro lugar distante e lá iam eles ao encalço deste, para depois aparecer outro.
Aprendi assim numa palestra, mas não é o que diz a Wikipédia. Ela fala da existência de um Gerônimo real (1829- 1909), mas se não é vero, é ben trovato! A ideia é essa: a mudança, a paz, a resistência é de cada um. É nisso que acredito. Se cada um de nós se pautar por uma ética de cuidado quanta transformação e em quantos lugares!
Segundo Bernardo Toro, filósofo e educador colombiano, a “ética é um critério que nos permite tomar decisões perante dilemas e selecionar o que nos permite viver dignamente” e para agirmos sob a Ética do Cuidado precisamos “saber cuidar, saber conversar e saber fazer transações ganhar- ganhar” em oposição ao ganhar- perder, que é o nosso modo de funcionar corriqueiro.
Uma pessoa honrada que trabalha há muitos anos próximo de mim disse que vai sair. Por quê? Perguntei. “Porque a proposta que me fizeram só é boa para eles”, ele me respondeu. Olha aí o ganhar-perder excluindo um trabalhador digno e correto do seu trabalho.
Se nos tornarmos Gerônimos da Tribo dos Humanos que querem uma vida melhor para todos, onde quer que estejamos podemos optar pelo cuidado. Na gentileza no trânsito, na decisão de alguém que detém o poder de não se corromper, no comerciante que se recusa a repassar o aumento que lhe estão impondo, e por aí vai.
Li certa vez que não há vento a favor se não soubermos para onde ir. Virar a trajetória dos homens pela Terra para o cuidado uns com os outros e com o Planeta pode fazer a esperança aquecer os corações. Vai lá Gerônimo! Levanta sua pequena gigante bandeira!