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Planeta Eu

Roncos na viagem sem passaporte Sentei em frente ao Xamã peruano e peguei o pequeno copo cheio de ayahuasca que ele me estendeu

30/08/2011



Sentei em frente ao Xamã peruano e peguei o pequeno copo cheio de ayahuasca que ele me estendeu. Bebi aquela bebida marrom, feita na floresta e voltei para a minha caminha no chão, numa sala em SP, junto a outras 20 pessoas.

Quando senti o efeito da bebida tive vontade de ir ao banheiro que ficava lá fora e fui. Quando sai, vi que não tinha condições de voltar para a sala e por isso me sentei no chão. Estava me sentindo muito mal e por sorte vi que tinha um balde bem na minha frente. Vomitei. Comecei a sentir muito frio, estava descalça.

Nesse momento, uma amiga apareceu e me disse para descruzar as pernas. Obedeci e ela começou a me falar algo sobre a Luz. Achei que ela estava querendo me “catequizar”. Já ia responder que me deixasse quieta quando entendi: ela estava perguntando onde acendia a luz do banheiro!

Fiquei ali sozinha me sentindo muito mal e me veio claramente a ideia de que eu estava sentindo o que pessoas em Campo de Refugiados sentem. Aqui escrevendo são só palavras, mas para mim, ali, era um sofrimento físico real, absoluto. Estava certa que tinha acessado uma instância da realidade que parece distante para nós, os bem alimentados do planeta.

“Vocês (eu me incluo!) que tem carrão, banho quente, cobertor, não estão livres disso!”, eu dizia em pensamento. Compreendi ali que esse sofrimento para quem não tem grandes problemas materiais vem de qualquer jeito, seja na forma de doença física, psíquica etc.

Sempre que lia que o budismo aspira que nos iluminemos para não mais voltar para esta vida aqui, que eles consideram plena de sofrimento, eu me dizia: “Não concordo, quero voltar, gosto tanto de estar neste planeta, a vida é boa!”

Nesta noite entendi este conceito. Vi o tal “Vale das Lágrimas” que fala a Bíblia. Estive nesse lugar que, de um jeito ou de outro, em algum momento da vida acabamos por encontrar. O lugar do pesadelo. Para os budistas, esse lugar é criado pela nossa mente e posso muito bem entender isso, mas lá não pude, quando meu corpo doía, enjoava, sentia frio.

Voltei para a sala e demorei muito para me aquecer. Percebi como minha vizinha ali ao lado não queria interação comigo, e que quando estamos bem, como ela parecia estar, não temos nenhum interesse no sofrimento alheio.

Sentia uma necessidade absurda de que alguém me desse a mão para eu segurar. Tentei pedir para minha amiga que estava perto, mas ela não entendeu. Ficou muito claro para mim como é importante estender a mão para quem sofre. Concretamente ou na forma de um olhar, de uma ação. Algo que diga: Estou aqui com você, eu me importo! O sofrimento do outro é o meu sofrimento, entendi. Um dia estamos aqui, confortáveis, outro dia estamos lá, sem escolha!

Aos poucos aquilo tudo foi passando e entrei num processo de respirar muito alto e amplamente. Como o Xamã estava tocando e cantando, não percebi que podia estar chamando a atenção. Achei que estava limpando meu pulmão e que talvez estivesse respirando assim pela minha vizinha, a moça indiferente que estava ao meu lado e que parecia estar com bronquite.

Era curioso ela estar assim tão sem ar, mas em alguns momentos cantava lindamente Ícaros, que são canções que os xamãs cantam nas cerimônias.

De repente percebi que ela estava me encarando muito brava. Ela me disse então que não era permitido fazer barulho como o que eu estava fazendo com a respiração, para não atrapalhar o processo dos outros.

Antes que eu continue, preste atenção no que você sentiu em relação à moça quando contei isso.Provavelmente é o que eu senti e as pessoas para quem contei também: Não gostei da atitude dela e a censurei. Percebi que a minha reação foi torná-la rapidamente uma inimiga.

Detesto me sentir inadequada e por isso joguei para ela, em pensamento, o meu desconforto. Comecei a criticá-la em silêncio, até que me lembrei que ela também é uma companheira do “Campo de Refugiados” e que se me torno bélica tão fácil, vou mal, vamos continuar indo mal...

Passado um tempo, tive uma ideia para desarmá-la. Chamei-a para perto e disse: Talvez eu durma, se eu roncar você me acorda? Ela riu...

Humor, este atributo humano que coloca rapidamente as pessoas em sintonia! A propósito: claro que uma moça fina como eu não ronca! Beijos !


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Jany

Escritora e Focalizadora de Dança Circular no UlaBiná.

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