27/01/2016
Anote aí: Quando der aquele mal estar, raiva, irritação, tristeza etc., assim que puder, se afaste para ficar sozinho. Observe sua cabecinha. Claro que você estará pensando no seu oponente, o quanto ele é chato, idiota etc.. Não se perca nesse lugar. Olhe para você: como você está se sentindo? Que sentimentos o habitam? Desapontamento? Quebra na confiança? Ódio? Identifique a provável mistura de sentimentos.
Pronto? Próximo passo: procure entender por que esses sentimentos específicos foram despertados. Afinal, foram esses e não outros. Possivelmente têm histórias associadas a eles. Sua mente provavelmente vai lhe fornecer esse material. Alguma compreensão deve aflorar, mas mesmo que isso não aconteça, você vai notar que viajou para algum lugar distante e que está voltando para sua realidade um tanto renovado, como acontece quando de fato se faz uma viagem, e que por isso aquela pessoa já não estará mais sentada tão à vontade no sofá da sua mente.
Dessa posição será mais fácil identificar o que precisa ser feito. Amarrá-la num foguetinho e acender o pavio? Bem desejável, mas normalmente não é possível! Enfim, os problemas não somem porque você fez essa viagem interior, mas a vista da janelinha estará menos embaçada e você será um companheiro de viagem mais agradável para si mesmo. Costumamos nos sentir melhor perto de quem não está babando de ódio! Não é?
Mais receitas? Vamos lá! A cozinheira aqui andou fazendo muitos cursos na própria cozinha!
Você precisa dizer algo desagradável para alguém e a vontade é sumir sem falar nada ou mentir? Pense bem: é isso que você gostaria que a pessoa fizesse com você? Desaparecesse sem mandar o novo endereço? Mentisse? Eu não minto mais por um ótimo motivo: nunca lembro a mentira que inventei! E quando percebi que mentiram pra mim, detestei! (Tive que usar quilos da receita anterior!).
Bom, então, vamos lá - já falei disso muitas vezes, vou me repetir, não xingue minha mamãe, é sempre útil ouvir de novo – fale de você, não fale do outro. Não diga: você me fez isso, me fez aquilo. Afinal quem está querendo dar o fora? E ainda vai jogar a culpa no outro? Ok, pode ser polido, explicar com carinho sobre como você se sente, o que está acontecendo dentro de você. Exemplo: que a parceria entre vocês precisa acabar porque você quer outros rumos. Não é porque ele, culpado, pisa nos seus pés. Ele tem direito de pisar no seu pé se você insiste em deixá-lo embaixo. É porque você decidiu que não quer ter pés pisados, eles doem! (Não estou falando de abusos, estou falando de pessoas em iguais condições).
Mentira branca! Ouvi essa expressão. Não quero mentira de cor nenhuma. Será que alguém quer?
Mentir para não ter que lidar com a frustração do outro? Para não ouvir choramingo? Um amigo me contou que quando terminou com sua mulher ela chorou a noite inteira na cama ao seu lado. Está preparado para algo assim? Por isso a mentira? Bom, algum preço há de ter que se pagar! Um rapaz disse para a namorada: “aquilo que você esconde de seus pais te afasta deles”
Panos quentes! Aprendi com minha mãe que era bom usá-los. Tive sempre uma coleção deles para tentar evitar que as pessoas em volta de mim sofressem. Mas quem disse que sofrimento é só ruim? E que direito eu tenho de me interpor entre elas e a realidade?
Formule o que você precisa ou quer dizer, verbalmente ou escrevendo, e vá limpando: tire a responsabilidade que você quer jogar para o outro, tire as mentiras cor de rosa, deixe a verdade. Olhe para ela. Nua e crua.
Mas seja sempre cuidadoso, não jogue a carga para o outro segurar e saia assobiando. Se a verdade realmente vai machucar avalie a fragilidade do outro. Se ele aguenta. O mais importante, sempre, é o outro. Aquele que em algum momento abriu sua guarda para você entrar. O território comum entre duas pessoas é sempre sagrado. Honre esse lugar e se coloque de modo que todos saiam melhores do que quando entraram, para que os próximos relacionamentos possam continuar contendo esperança!
Fácil tudo falar! Difícil tudo viver! Vamos treinando as receitas. Uma vida inteira para aprender!
Foto Julia Vargas