25/04/2018
Viajar é bom porque fico alerta em relação ao lugar onde estou, procurando entender os códigos, a língua, os perigos possíveis, que transporte usar, aonde ir, o que decidir... ou seja, meu foco vai para o tal do PRESENTE.
De volta pra casa, pro meu bairro, o piloto automático fácil fácil toma conta. Meus hábitos e padrões me pegam pela mão e dizem: “fique à vontade, nós cuidamos de tudo. Vamos prezar pela repetição.”
Puxa! Not very good, no meu caso!
Que faço? Viajo de novo para encontrar o presente? Vivo como estivesse viajando? Fazendo coisas novas todos os dias?
Ou peço divórcio de mim?
Na viagem, estava quase o tempo todo perto do budismo tibetano (e da comunidade de refugiados tibetanos). Acredito então que estava no campo deles e esse campo é extremamente devotado à espiritualidade.
Por isso acho que lá entrei numa meditação de tempo integral. Pelo campo, por estar muito no presente, por não falar inglês fluentemente e por isso preferir não conversar/interagir muito.
O que encontrei nessa meditação? O medo. Senti muito o medo que mora em mim. Ficou quase que só eu (que observa) e o medo. (Exagerando um pouco...)
Andando muito todos os dias e comendo pouco por não ter geladeira perto, nem supermercados como estamos acostumados, querendo sempre economizar, meu corpo foi mudando, foi deixando um peso para trás... emagreci.
E aqui volto a ter geladeira e por todo lado há comida gostosa à disposição, e já não ando...
Esses dois meses no Nepal e Índia agora são imagens que estão na minha mente. Como as imagens de sonho noturno.
Que incrível, existe mesmo vida fora do meu umbigo e está acontecendo exatamente já em todos os lugares do mundo.
Que triste o que acontece na Síria, no Tibet e em lugares que nem sei. Que acontece por todo lado em escalas diferentes: o homem fazendo o homem chorar, sofrer, sentir dor, ter medo...
Outro dia vi um psicólogo num vídeo no facebook dizer que naquela famosa frase: “os mansos herdarão a terra”, mansos sãatilde;o aqueles que sabem como causar sofrimento, mas optam por não causar.
Bem lindo isso!
Na foto, as bandeirinhas tibetanas que são colocadas ao vento para espalhar as orações escritas nelas. Minha filha e eu compramos essas no Root Institute em Bodhgaya, a cidade onde Buda sentou embaixo de uma árvore e ali se iluminou.