01/07/2015
Era uma vez um rapaz norte-americano em férias. Ele se encantou com as alpargatas argentinas e pensou que podia vendê-las nos EUA, e isso foi apenas um pensamento.
Um pouco antes de voltar para casa, conheceu uma moça, também norte-americana, que trabalhava numa ONG que distribuía sapatos para quem não tem. Ela contou que, muitas vezes, os sapatos doados não eram nos tamanhos corretos, e também que o fato de dependerem de doações, que às vezes não aconteciam, complicava o fluxo do trabalho.
Aí o rapaz, Blake Mycoskie, teve a ideia “ONE FOR ONE”: ele importaria mesmo as alpargatas e a cada uma vendida ele doaria outra para alguém que precisasse. Soube dessa história pelo livro “Comece algo que faça a diferença” onde ele descreve essa aventura muito bem sucedida. Foram doados trinta e cinco milhões de pares de sapatos de 2006, quando tudo começou, até 2014.
Certo dia ele estava no aeroporto e viu uma mulher com uma alpargata Toms e comentou o quanto era bonita, sem se identificar, no início. Ela, muito animada, contou a história da doação dos sapatos e ele percebeu que, mais que clientes, o projeto tinha apoiadores.
O livro, inclusive, também está nessa corrente. A cada um comprado, como esse em minhas mãos, outro é doado para crianças. No caso, com a chancela da Educore, uma associação sem fins lucrativos, detentora do selo Pedagogicamente Responsável. Ele também produz óculos, cujas vendas alavancam tratamentos de olhos, óculos com receita ou cirurgia para quem necessita.
Enquanto isso acontece aqui em cima da superfície da Terra, ali embaixo, entre as raízes das árvores e plantas, através de fungos que permitem uma ligação eletroquímica entre elas, a colaboração também acontece, colocando em contato espécies que estão muito distantes entre si e não apenas as que estão próximas. E elas usam essa rede de raízes para trocar nutrientes e se ajudarem na sobrevivência, segundo a pesquisadora Suzanne Simard, da Universidade de British Columbia, no Canadá, (fonte:www.bbc.com)
Outro dia minha filha me telefonou, lá do Panamá, contando que ela e o namorado tinham ido à uma cidade sem antes terem conseguido, através de e-mail, lugar para trabalhar e se hospedar. Por isso, segundo tinham aprendido com um costume aborígene, pediram às árvores que providenciassem o que eles estavam precisando. E também, de quebra, uma pizza!
Chegaram a um hotel e contaram o que queriam. O rapaz que estava na recepção respondeu: “Minha mãe, que é a proprietária, provavelmente vai querer que vocês grafitem em troca de hospedagem, mas ela não está aqui agora e é muito ocupada, por isso vai demorar para dar uma resposta. No entanto, hoje mesmo, eu pintei na minha casa uma parede branca e pensei: quem será o artista que vai chegar para fazer uma pintura aqui? Por isso, vocês podem se hospedar comigo, mas, antes que a gente vá para lá, vamos comer uma pizza!”
Quando soube disso, pensei: “o que vou pedir para as árvores? Bom, que tal conseguir um lugar para meu filho assistir a final do Campeonato Europeu que ele tanto quer? Estávamos na praia e sem televisão. Fui a um hotel perguntar se seria possível. Disseram que não. Ao sair dali uma garota me acenava. Tinha ensinado dança para a classe dela na escola. “Na casa que você está hospedada tem televisão? Podemos ver o jogo?” Sim!!, ela respondeu!
Ok, preciso pedir às árvores mais criatividade aos meus pedidos, reconheço. E em tempo: falo com árvores, mas eu não as abraço! Juro!
foto: Ligia Vargas