18/03/2014
Um rapaz me contava que ele e sua turma resolveram morar todos juntos e assim viver de maneira colaborativa. Perguntei da casa que sabia que eles queriam comprar. Ele disse que ficaram obcecados por ela, mas o negócio não acontecia. Alguém chamou a atenção para o fato de que aquele desejo sem fim por aquela específica casa, estava atrapalhando e por isso aceitaram finalmente desistir dela .
Pouco tempo depois, apareceu outra, pelo mesmo preço e muito maior, e o negócio aconteceu. Arrumando a mudança, ele e seus amigos encontraram um desenho que fizeram num bar, na época em que apenas sonhavam com a ideia de fazer uma comunidade urbana em São Paulo. No desenho uma casa que era muito parecida com a que eles tinham por fim comprado. Tinha um sol com seus raios voltados para ela, e no telhado da casa real tem placas de energia solar. Tem também os sete quartos do desenho, assim como duas cozinhas!
O rapaz me disse que eles tinham feito com o desenho uma encomenda bem feita e a ideia fixa pela outra casa estava impedindo que a Providência fizesse o seu trabalho. Ok, podemos dizer que isso é uma fantasia que ele está criando, interpretando os fatos a seu bel prazer. Pode até ser, mas até que ele está em companhia ilustre neste jeito de perceber a realidade.
Goethe, escritor, cientista e filósofo alemão escreveu sobre esse diálogo entre nós, essas pequenas e curiosas criaturas, e o Mistério: “No momento em que nos comprometemos, a providência divina também se põe em movimento. Todo um fluir de acontecimentos surge ao nosso favor. Como resultado da atitude, seguem todas as formas imprevistas de coincidências, encontros e ajuda, que nenhum ser humano jamais poderia ter sonhado encontrar. Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, você pode começar. A coragem contém em si mesma, o poder, o gênio e a magia”
Pois é, como cantavam os Beatles, quem não quer “a little help from” qualquer friend? Não é à toa que o livro O Segredo, de Rhonda Byrne, vendeu 4 milhões de exemplares em apenas dois meses no EUA.
O livro diz que aquilo que está na nossa mente se materializa e que se não acontece, é porque na verdade nós não acreditamos que possa acontecer a ponto de produzir os pensamentos positivos necessários para ativar a tal lei da atração.
Pela lógica do livro, todo mundo pode materializar dez milhões de dólares na conta corrente. Seria preciso então materializar uma máquina de fazer dinheiro também. O dinheiro não é, na prática, um cobertor que se puxa daqui, falta dali?
Tenho um amigo que cabe na definição: leve, mas persistentemente hipocondríaco. Por fim adoeceu. Encontrou a doença que tanto procurava e que estava em sua mente? Ou o que ele intuía estar nele realmente estava? Suponho que nem todos os hipocondríacos fiquem gravemente doentes. Tenho outro amigo que valoriza mais que tudo ser rico e não consegue o dinheiro nem na medida que necessita. Alguma lição que ele precisa aprender? Então, ao que parece, além da lei da atração há outras variáveis em questão.
Acreditar que criamos nossas doenças como muita gente acredita é um peso a mais para quem adoece, como comenta um médico que trabalha com doentes terminais. O que dizer dos pequeninhos que já nascem com problemas graves? Eles criaram suas doenças? Sim, tem especulações que falam em vidas passadas, etc e tal... Para mim são tentativas de mapear o desconhecido. Prefiro reconhecer o tamanho da minha ignorância e aceitar as coisas como são, para, inclusive, poder tentar mudá-las. Faz parte da vida adoecer. Estava escrito nas letras miúdas do contrato...
Gosto daquela história de uma menina que estava muito feliz porque Deus ia lhe dar um cavalo no seu aniversário. Seu irmão cético zombava dela. Chegou finalmente a data e de fato o cavalo não estava lá, ela ficou muito triste e o querido maninho foi logo dizendo: “Viu? Eu sabia que você não ia ganhar cavalo nenhum. Deus não existe!”. Ela respondeu: “Deus apenas me disse não!”
Já recebi também uma porção de nãos! Suspeito que mesmo que eu tenha milhões de pensamentos positivos, a realidade não vai me obedecer do jeitinho que eu quero sempre. Ok, acredito que sou mesmo co-criadora da minha vida e da vida do planeta a partir das minhas escolhas diárias. O que penso e faço realmente interfere no andar da carruagem, mas não sou eu o único motorista. Na verdade, apenas brinco no jardim de Deus, às vezes faz sol, às vezes chove. Os raios caem.
De vez em quando aparece um arco íris e vem aquela sensação de estar em sintonia com o universo e aí sim, parece que dá para ver a Providência trazendo na minha direção uma série de coincidências incríveis.
Segundo Goethe, o que causa isso, voltando à sua citação, é o comprometimento e a coragem. Já eu desconfio que talvez Madame Providência possa ter planos próprios e para isso nos convoca para colocarmos em ação o que ela deseja.... Essa é, como todas, apenas mais uma hipótese!
O que importa mesmo é que meu amigo fez a comunidade urbana que ele sonhava. A menina não ganhou o cavalo, mas pode crescer e comprar um. Os doentes saram ou continuam levando vidas ricas apesar das limitações que suas doenças causam. Enfim, estamos no jogo! Quando partirmos talvez Madame Providência venha em pessoa nos contar os segredos que daqui não temos como decifrar. Enquanto isso, delícia, quando me sinto bailando com ela!
Foto: Ligia Vargas
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