01/07/2014
Eu, você, somos parte de um coletivo chamado Brasil. Nesta época de Copa esse coletivo fica mais evidente. Tantos plugados na TV assistindo os jogos.
Leio um rapaz se dizendo decepcionado porque esse coletivo, o Gigante, que tinha acordado e ido para as ruas nas manifestações dizer que há muita coisa errada por aqui, agora está sentado no sofá, sendo audiência para a televisão.
Pois é, o Gigante tem perninhas independentes e elas vão tanto para as ruas quanto para os sofás, e boquinhas que vaiam desde a presidenta até a seleção do adversário quando está tocando seu hino nacional.
Nesses momentos os comentários pipocam, e outras boquinhas do Gigante aprovam e desaprovam o que ele anda fazendo.
Quando alguém critica o Brasil – e ouço isso o tempo todo – sempre penso: mas essa pessoa é o Brasil, eu sou o Brasil!
Percebi que eu sou o trânsito do lugar onde vivo, eu sou a especulação imobiliária, afinal tenho carro e o coloco todo dia nas ruas. Vim para cá há vinte e um anos e comprei um terreno num condomínio. Exatamente como estão fazendo as pessoas que estão chegando.
Aprendi que os judeus não precisariam levar 40 anos saindo do Egito, onde eram escravos, até chegar à Terra Prometida. O caminho não é longo assim. A questão é que os 40 anos eram necessários para que uma nova geração nascesse em liberdade, para que não fosse a mentalidade criada na escravatura a se instalar e criar o lugar onde iriam viver.
Eu sou uma dessas “escravas”, nasci em 58, minha mentalidade foi moldada na época da ditadura. Meus filhos estão sendo criados na época do consumo, que também, muitas vezes, se assemelha a uma escravidão sutil com o seu pague isso, pague aquilo.
Enfim, o Brasil sou eu, é você, é o nosso lugar repleto de coisas para serem melhoradas. A mentalidade que reclama pode ser ótima para perceber o que há de errado, mas é ineficaz para provocar mudanças.
Que tal arregaçarmos as mangas e ir direto agir sobre aquilo que é fácil criticar? Parece uma tarefa muito complexa mudar tanta insensatez que vemos por aí, mas se não começarmos nada acontece e vamos continuar falando mal do Brasil, dos brasileiros, de nós!
A Copa existe porque nós somos os consumidores dela. Temos uma força incrível. Uma força de Gigante! Já imaginou? Tantas perninhas, bracinhos, boquinhas e corações do Gigante se ocupando de melhorar o Brasil? Toda essa energia que torce e grita gol voltada também para transformar?
Estou falando porque é fácil falar, preciso agora olhar em volta e ver o que me sensibiliza. Onde quero colocar minha energia. Um jeito é ver onde fico feliz em estar transformando. A alegria é um bom sinalizador. Ficar quietinha, ouvir para onde ela aponta, agir, agir junto porque é mais fácil, mais gostoso e mais eficaz! Juntos, a gente vira mesmo um Gigante!