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Planeta Eu

Lá, num pedacinho da Mata Atlântica Há um rio caudaloso, há uma terra sem fim, de onde pode ser extraído o ouro do significado

16/07/2015



Há um rio caudaloso, há uma terra sem fim, de onde pode ser extraído o ouro do significado. Que tipo de mineradora eu sou? Que tipo de minerador você é?

Conheci esses dias um homem muito empreendedor, que criou uma reserva ecológica particular, recuperou um casarão que transformou num restaurante, tem também uma ativa empresa de consultoria, além de muitas outras atividades.

Brinquei que queria uma transfusão de sangue dele para ver se conseguia ficar mais realizadora. Conversa vai, conversa vem e um raciocínio que ele me contou ter tido me fez entender de que substância é feito seu sangue. Ao pensar em comprar um terreno aqui na região onde estamos, em férias, ele pensou mais ou menos assim: “Ok, construo uma casa para vir de vez em quando, terei que contratar alguém para cuidar, vou ser assaltado, pelo que me contam da região. Vão ser só quase gastos. Não parecia animador!”

Aí seu raciocínio foi além: “bom, posso cultivar bromélias. Quem sabe então criar também um lugar para estudar os anfíbios, que se atrairão pela água que fica nas bromélias? Nesse caso, as escolas da região poderiam vir com seus alunos e assim eles poderiam ter mais informações que os fariam valorizar o incrível bioma onde vivem. Para isso preciso criar um auditório para receber essas pessoas. Assim terá mais demanda de trabalho e posso contribuir ainda mais com o bairro ao criar empregos”.

Assim foi criada o CEB - Centro de Estudos da Biodiversidade em Iporanga, SP, que já tem pessoas trabalhando e recentemente vários jovens foram entrevistados para estágios remunerados, todos ávidos por oportunidades que tragam significado para suas vidas, num local onde o único emprego possível é na prefeitura. As escolas da região já vieram conhecer o lugar e o Centro só foi assaltado uma vez, no inicio. Ele acredita que ganharam o respeito da população e se prepara para fazer o mesmo em outro bioma no país.

Pergunto se acontecem coincidências com ele. “O tempo todo, ele responde. Tudo vai dando certo suavemente. Quando não dá fico curioso, esperando ver qual será o desdobramento inesperado que virá pela frente”.

Ficou claro para mim que o que o move são dois amores: pela natureza e pelas pessoas. Como ele diz: “não consigo, nem quero, criar nada sozinho. A primeira coisa que faço é chamar pessoas para fazer junto”. Amorosidade é a fôrma onde é criada toda sua atividade. Com esse denominador comum fica “fácil” fazer tanto! É como colocar o pequeno barquinho que ele é para descer o rio a favor da correnteza. Quando for embora da Terra terá deixado um legado, sementes em quem beneficiou, lugares que criou...

Andando por aqui demos duas caronas. Uma delas foi para um homem que trabalha cobrando R$ 5,00 por pessoa para visitar uma cachoeira. Ele contou, com um sotaque bem difícil de entender, que seu pai não sai da cama por conta de uma profunda depressão, que um dos irmãos tinha se suicidado e a cunhada também. Mostrou onde ambos tinham se enforcado, ali no mato, pertinho da sua casa.

A outra carona foi para um rapaz que nos abordou na estrada, quando já era noite. Deu uma certa insegurança, mas no caminho a conexão foi se estabelecendo. Ele estava indo para a cidade a pé - cerca de 14 quilômetros- para ver o filho de seis meses que tinha saído do hospital. O piá, como ele diz, mora com a avó, sua mãe, de apenas 33 anos. Ele, com 18, é o mais velho. O filho seguinte tem deficiência mental e são sete filhos ao todo. O menor com um ano. Ele contou que ganha um salário trabalhando com o avô, cuidando de animais. Está juntando dinheiro para comprar um carro ou moto. Disse que andava evitando fazer aquele trajeto a pé porque de vez em quando apareciam na estrada uns homens fazendo maldade. Quis saber que tipo de coisa faziam. Ele desconversou.

Tantos mundos! O homem empreendedor quer fazer também turismo náutico ali. Vai criar assim mais empregos e possibilitar que as pessoas naveguem nos rios lindíssimos que tem por aqui. Sei que quando estive na cachoeira em que aquele homem quase primitivo, da carona, me cobrou, apenas sorri para ele e me afastei com meu alegre grupo. Depois de conhecê-lo um pouco mais percebi como teria sido rico para nós dois se eu tivesse me detido um pouquinho, e assim entrado em seu mundo e não apenas no bioma que é a sua região.

Acho que não vou ficar mais empreendedora nem com transfusão, mas quem sabe um pouco mais sensível ao coletar tantas histórias e mais capaz de extrair significado dessa vida maluca onde o sofrimento anda lado a lado com tanta beleza!

Em tempo: Essa terra de tão poucas oportunidades para sua população, que é Iporanga, têm mais de 400 cavernas cadastradas, mais de 20 mil espécies de plantas, mais de 800 espécies de aves, 340 de anfíbios, 250 de mamíferos, 200 espécies de répteis, 350 de peixes, além de muitos insetos, cogumelos multicoloridos, o raríssimo bagre cego etc.

Na foto, detalhe do painel em azulejos pintados a mão, onde estão os rostos, os nomes, datas de nascimento e atividades realizadas pelos homens que colocaram a mão na massa para construir o CEB - Centro de Estudos da Bio Diversidade: a Reserva Betary.


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Jany

Escritora e Focalizadora de Dança Circular no UlaBiná.

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