15/05/2019
Estou apaixonada por uma mulher. Totalmente! Apesar disso, se ela me pedir em casamento não vou aceitar, mas se me chamar para assistir seu trabalho acontecendo num palco, vou! Vou em todos!
Ela é Katie Byron e a conheci porque sou uma ratinha de livraria e numa delas, numa pequena cidade de praia, encontrei seu livro: Ame a realidade.
Katie teve uma depressão ultra raivosa por cerca de dez anos, e viveu os últimos dois na cama, ouvindo dos filhos e dizendo a si mesma: levante-se! E não levantava! Até que, quando estava considerando que era melhor se matar, resolveu se internar e certo dia lá, ao acordar, teve um enorme insight. Foi para sua casa e ficou na varanda, olhando o deserto por muitos e muitos dias, investigando seu pensamento.
Todos estavam surpreendidos pela calma e amor que começou a emanar dela a partir de então. Aos poucos, pessoas foram chegando e assim começou uma atividade que ela mantém até hoje: conversar com as pessoas, fazendo-lhes quatro perguntas em relação às queixas que trazem. Essas perguntas provocam insights profundos e amplos. São elas: Isso é verdade? Você pode saber com absoluta certeza que isso é verdade? Como você reage, o que acontece, quando você acredita neste pensamento? Quem você seria sem esse pensamento?
A ideia é que o que nos perturba não é aquilo que acontece conosco, mas sim nossos pensamentos sobre o que acontece, nas palavras de Epíteto, filósofo grego.
Ela diz que o que a deixava presa na cama eram seus pensamentos de que ela era uma incapaz, de que havia algo errado com ela, que nada do que fazia era adequado etc. A ladainha que ela e seus familiares reconstruíam a cada dia. Quando ela conseguiu examinar esses pensamentos e vê-los apenas como eram - uma série de crenças pesadas e limitantes -, ela simplesmente pôde fazer o que ela e seus filhos diziam: levantar! O peso tinha sido retirado.
Assim que Katie saiu da depressão pôde voltar a atenção para sua filha que estava viciada em álcool e à noite, quando a moça ia sair, Katie perguntava onde ela ia e a resposta era um olhar gelado. Então Katie se sentava na poltrona e esperava que sua filha voltasse. Seus pensamentos começavam a ficar catastróficos, ela imaginava que, bêbada, ela bateria o carro e mataria alguém e outras preocupações desse tipo, mas aí ela se lembrava de que, sem os pensamentos, ela era apenas uma mãe esperando sua filha querida voltar e era assim que a recebia quando ela voltava. Um dia finalmente a filha entrou em casa e foi direto para seus braços, se dizendo viciada e pedindo ajuda.
Aliás a percepção que ela tem dos vícios é altamente surpreendente. Segundo ela o que intensifica nossos vícios são nossos pensamentos recriminatórios sobre ele. Experimenta reparar a quantidade de comentários que te dividem internamente quando você vai consumir algo que você considera errado consumir. Tire todos esses pensamentos de cima para ver o que acontece. Mas faça isso pra valer, todas às vezes!
Aliás é essa a ideia, investigue profundamente sua mente, perceba como ela está sempre no futuro ou no passado, sempre criando histórias.
Hoje minha amiga veio me contar seus problemas. Sem a paixão pela Katie eu não teria sabido como transitar pelo emaranhado de emoções que estavam ali presentes. Não tinha como minha amiga achar uma solução para seus impasses. Não tinha como ela se afastar ou se aproximar do marido e filhos, não tinha como ir embora ou ficar, não tinha como deixar de se sentir presa a padrões de comportamento dela e dos que estão ao seu redor. Estava tudo preenchido de amor e raiva, de tristeza, queixas, frustrações, recriminações...
Aí eu lhe falei de Katie, fomos examinando as situações e logo ficou claro que era tudo uma enorme construção feita de pensamentos que evaporavam quando confrontados com a realidade. Que liberdade isso traz! Ela podia voltar para casa e apenas encontrar aqueles seres que fazem parte da sua vida e fazer o que tem que fazer, ser o que é.
Ela me perguntou: e os planos, os sonhos? Não estão no futuro?
Sim, precisamos planejar nossas vidas, mas não é preciso criar histórias que acabam ofuscando nosso olhar para aquilo que realmente precisamos fazer para que os planos aconteçam.
Sem nossas historinhas na mente ficamos indestrutíveis, sabia? Claro, estou exagerando, mas como ficar triste se não produzo pensamentos de tristeza? Como ter raiva se quando ela chega eu a dissipo com minha investigação? Como ficar ansiosa se percebo que estou com a mente no futuro ou arrependida se vejo que ela está no passado? Claro que é preciso treinar, e muito! Oportunidades não faltam!!
Enfim, é preciso visitar o site dela (tem em português) para saber mais, lá dá para baixar uns formulários que ela sugere escrever para que os pensamentos possam sair da mente e irem para o papel e serem assim melhor investigados. E principalmente assista no youtube os vídeos das conversas dela com as pessoas, tem vários com legendas em português. É lindo vê-la conduzindo homens e mulheres para fora de seus sofrimentos. Ver as lágrimas virando sorrisos. Verdade! Estou mesmo muito apaixonada pelo processo e amando a realidade!!
Sugiro que escreva no youtube Katie Byron Eu odeio meu corpo; Katie Byron Eu quero que mamãe seja feliz; Katie Byron No one Can Hurt Me, That´s My Job. Todos esses têm legenda em português. E se você entende bem inglês há vários áudios no Spotify, fazendo o que ela chama de O Trabalho com as pessoas.
Sim, essas percepções também estão no Budismo, nos insights do autor do Poder do Agora, etc, mas vá de Katie, super acessível!!
https://www.youtube.com/watch?v=gsbLorLFQ-M