18/04/2016
Você tem um carro parado o dia todo enquanto você trabalha?
Uma moça norte americana, Robin Chase, ao ouvir uma amiga contar que viu em Berlim um carro que estava para alugar, teve um estalo: Fazer um empreendimento tornando possível esse aproveitamento dos carros particulares em grande escala.
Nascia em 1999 a Zipcar e Robin tinha pesadelos recorrentes que sua casa era invadida por alguma suposta máfia das locadoras de carros. Treze anos depois, quando foi vendida para a Avis, a Zipcar tinha 760 mil usuários cadastrados compartilhando 10 mil carros nos EUA, Canadá, Reino Unido e continua expandindo. Acabo de ver no site que para fazer parte dessa rede há um custo mensal de $ 7 dólares.
Essa tipo de atividade leva o nome de Economia Compartilhada. É o caso também do Airbnb. Conhece? Através desse site pessoas como eu e você podem alugar quartos em suas casas.
A BlaBlaCar, que minha filha usou recentemente na Europa, permite que pessoas que não se conhecem viagem juntas dividindo assim custos. Essa ideia nasceu de um homem que se viu em Paris com dificuldades para viajar no Natal para sua cidade porque suas opções –trens e ônibus – eram caras e nem faziam o percurso completo e imaginou que outras pessoas deveriam estar naquele momento indo para o mesmo destino e que possivelmente não se importariam de levá-lo.
Atualmente mais de 2 milhões de pessoas viajam todos os meses por toda a Europa pegando carona e dividindo os custos com desconhecidos através do sistema da BlaBlaCar.
O compartilhamento permite acesso em vez da propriedade. Utiliza o excedente, otimiza. Olha a sua volta. O que está ocioso?
Piscinas aqui na minha região! Muitas casas vizinhas umas das outras têm as suas e sempre sem uso porque são muito poucos os meses em que a água esquenta. Os vizinhos poderiam dividir um sistema de aquecimento solar (o sol também está quase sempre disponível, podendo ser otimizado) e dividir as despesas de manutenção. Me contaram, certa vez, mas não consegui verificar se é bem assim, que em certas cidades da Itália para poder fazer uma piscina numa propriedade é necessário que o dono dela a disponibilize também para as escolas locais. Se non è vero, è ben trovato!
O compartilhar já existe desde sempre nas escalas familiares, cotidianas, o que difere agora é o alcance que a internet possibilita. Eu não estava enxergando nada disso até que o livro Economia Compartilhada de Robin Chase me desse uma piscadinha na livraria.
Como disse Tatiana Leite, brasileira, uma das fundadoras da Benfeitoria, site que possibilita que pessoas apoiem projetos com doação de dinheiro, crescemos jogando War e Banco Imobiliário, cujos objetivos são se dar bem em cima do desastre do outro, mas em muitos de nós há um cerne amoroso que escolhe outro caminho, que fica feliz em doar, ajudar, compartilhar.
Como cantava Mr Lennon: “Imagine all the people sharing all the world. You may say I’m a dreamer, but I’m not the only one. I hope some day you join us and the world will live as one” (imagine todas as pessoas partilhando todo o mundo. Você pode dizer que eu sou um sonhador mas não sou o único. Espero que um dia você se junte a nós e o mundo viverá como um só”)
A tradução desse trecho da música Imagine peguei da Internet (Vagalume FM) Está ali também passível de ser compartilhada, no caso gratuitamente.
Palavrinha mágica? obrigada!!
Feliz de estar vivendo esse momento de mudança nas relações econômicas e sociais!
Foto: Alberto Lefevre (fotografado no Ser-Afim)