05/12/2012
Uma manhã de muito frio e eu estava participando de uma vivência. Propuseram de nos banharmos com água quente e ervas...
Bom, vamos lá vencer as resistências, pensei. Fomos para o sol e tiramos as roupas, éramos oito mulheres.
Tinha uma menininha que também quis tirar a sua. Fizemos uma roda. Cada uma era banhada pela que estava ao lado.
Adorei ficarmos nuas porque observei os corpos e vi que somos todas iguais. Uma tem o bum bum um pouco mais assim, a outra o peito mais assado, mais ou menos pelos, gordurinha aqui, ali... apenas variações sobre o mesmo tema.
Não importa mesmo se somos (sou!) mais isso, mais aquilo.
Deveria ter um dia por mês, por semana, por ano em que todos ficássemos nus. Sem os ternos, a roupinha de marca para nos diferenciar e para talvez anular essa mentira que diz de que se não estamos no padrão estamos fora do jogo, e portanto não estamos aptos a amar, a ter direito de ser bem vistos...
Naquela roda ficou muito claro que esse corpo que tanto me preocupa é apenas pele, volume, pelos e isso e aquilo que não vejo no espelho, porque o que fico vendo é só adequação ou inadequação...
Como socialmente nossos corpos estão escondidos, até inclusive quando estão com biquini e lingerie!
É muito tabu ficar nu. Nudez carregada de significados. Vestuário carregado de manipulação, feito para embelezar, iludir, disfarçar, conquistar...
As adolescentes e jovens têm todas os mesmos peitos, porque usam aquele soutien grosso que esconde a particularidade de cada seio.
Ver o corpo como sagrado não vejo acontecer, mesmo que ele continue diariamente nos servindo, realizando o milagre de nos tornar capazes de se emocionar, pensar, amar…
Somos seres humanos pelados embaixo da roupa que fazem parte da tribo humana. É muito mais do que ser gostosa, mulher feia, mulher bonita.
Foi lindo banhar a moça que estava ao meu lado com muita delicadeza... ela amamenta, por isso joguei água suavemente nos seus seios.
Desenho de Leila Monsegur