29/05/2013
De tempos e tempos nós, humanos, conquistamos a capacidade de enxergar mais amplamente o lugar onde vivemos. Antigamente não se sabia o que havia do outro lado do mar, mas os navegantes se lançaram em direção ao desconhecido e depois contaram sobre as terras que encontraram. Um dia, uma nave subiu pouco acima da atmosfera e o astronauta Yuri Gagarin e disse: “A Terra é azul!” Lá do espaço filmaram nosso planeta. Ele é uma bolinha bem pequena numa imensidão muito ainda desconhecida. Um dia talvez nos contem que lá para bem longe no Oceano chamado Cosmos vivem povos diferentes. Talvez seja o caso de comprar miçanga e espelhos para trocar com eles, antes de dizimá-los, como se costumou fazer.
Estava pensando: Se sabemos que somos uma Bolinha, também deveríamos saber que temos que administrá-la como uma Bolinha e não toda fatiada em países, estados, cidades, propriedades. Bom, na crua verdade, o fato é que já estamos fazendo isso. Nós somos os administradores dela, cada um de nós em cima do pedacinho que está ocupando nesse exato momento.
Quantos sócios! Tem sócio que ganhou o título de dirigente num processo político que nem todos aprovam e está tomando decisões em relação à Bolinha bem mais que outros. Tem sócio que conseguiu fazer fluir para si um monte de papel colorido que é chamado dinheiro, num processo que nem todos aprovam, e por isso também estão tomando mais decisões em relação à Bolinha que outros.
A água da Terra, por exemplo, é vital para todos, sem ela nossa vida se vai. A Bolinha tem água demais, abundante, para todos, mas é uma única água. A mesma que sempre esteve na Terra. Ela voa nas nuvens e chove na terra, procura seus veios e corre por eles, volta para a superfície nas nascentes, vira rios, cai em cachoeiras, corre para o mar, passa por nós. Quando passa nós a sujamos.
Os sócios estão aumentando sempre, somos bilhões que sujamos a água, a terra e o ar. Nossos alimentos vitais. O sistema é tão bacana que nossa sujeira é em grande parte absorvida, só que estamos ultrapassando a capacidade de auto regulação da nossa Bolinha. Estamos virando aqueles parasitas que acabam liquidando o hospedeiro.
Em nome do quê mesmo? De sistemas que criamos quando ainda não sabíamos que éramos uma Bolinha flutuando. Quando achávamos que defendendo o nosso estávamos a salvo. O nosso é bem maior do que pensávamos. Estamos intricados demais, dependentes demais uns dos outros. Minha comida não vem do quintal, nem do quintal do vizinho. Estamos aprisionados num sistema que auto-propagamos e que, na minha concepção, não tem ninguém no comando. Deus já disse que não está nessa desde que criou o livre arbítrio!
Ao mesmo tempo, paradoxalmente, há sim gente no comando e são bilhões. Somos nós, cada um de nós impactando a vida do Planeta e de seus habitantes.. Muito mais importantes do que estamos acostumados a pensar. Tem aquela frase bonita do Ghandi: “seja a mudança que você quer ver no mundo”. Pois é... somos pequenos pontos numa grande rede.
Estamos acostumados a pensar o mundo como um lugar onde um ponto tem que ser mais importante que o outro. Um mundo de hierarquia e suba logo para um lugar com vista mais bonita senão vão te pisar... e muitas vezes pisam mesmo! Como gerir a vida na Terra coletivamente? Que música estamos criando? Muito curto o tempo de cada pontinho na Terra. Todo dia muitos se vão embora e a rede continua existindo, vem nascendo outros... Que cada nossa pequena gestão honre a generosidade do calor do sol, a fertilidade da terra, a água, o ar... a generosidade de um sistema que permite que nossa vida aconteça.