21/08/2013
Andei percebendo que tenho inventado um monte de coisas para meus filhos e fazendo eles acreditarem que é real o que invento.
Por exemplo: inventei que eles tem que passar doze anos (no mínimo) da vida deles, acordando muito cedo e indo para um lugar para se sentar atrás de um outro menino, que senta atrás de outro e, lá na frente, um adulto lhes dizendo coisas que ele acha que eles devem saber.
Inventei também que devem usar com muita frequência um líquido na cabeça ao entrarem embaixo de uma água que cai de um lugar chamado chuveiro.
Eles estão convictos de que têm que estudar muito para passar numa prova que eliminará outras pessoas de irem para um mesmo lugar que eles acham que devem ir.
Eles não só acreditam no que inventei como inventarão essas mesmas coisas e outras ainda para seus filhos.
Pensei nisso outro dia ao ver entrando numa casa um judeu ortodoxo e sua filha de cerca de oito anos que usava saia e cabelos bem compridos. Fiquei imaginando que aquele pai e sua religião estavam criando para sua filha um mundo diferente e que talvez ela questionasse: "por que não posso ter cabelo curto e usar short como as outras meninas que vejo na rua ?"
Depois me dei conta que também eu e minha cultura inventamos um mundo para meus filhos e que isso não parece ser assim porque somos maioria... Parece que é o normal... só porque estamos imersos nesse jeito de viver.
Na foto meu filho brincando com seu cabelo comprido. Ele ainda não tinha descoberto que meninos usam cabelo curto, na grande maioria.