04/05/2006
Tem aquele causo do viajante que chegou numa cidade e perguntou o que tinha pra se fazer ali, pra móde distrair um pouquinho. Logo lhe disseram que havia lá no arrebalde da cidade uma rinha de galo. Lugar onde colocam os coitados pra brigar.
O viajante então se encaminhou para o tal lugar, que já estava apinhocado de gente que fazia suas apostas. Era a vez de um galo branco muito bonito, de crista vermelha, e de um galo preto, também muito bonito. Galos com esporas afiadas com lima. Coisa de gente ruim mesmo, pois onde já se viu afiar as esporas pra um deles sair dali morto, carregado, prontinho pra ir pra panela no bar mais próximo, onde o apostador vencedor paga umas boas rodadas de cerveja pra cambada que não tem coisa melhor pra se ocupar.
Mas vamos ao causo:
VIAJANTE (pra um apostador) – Môço? Eu também queria fazer uma fezinha, só que não conheço a qualidade dos galos que vão brigar. O senhor poderia me dar uma pista... uma dica? Por exemplo: qual é o bom, heim?
Naturalmente, ele estava se referindo à briga.
APOSTADOR (respondendo sem olhar para o viajante) – O bom é o galo branco.
O viajante, sem pestanejar, lascou uns 500 mil réis no galo branco.
Começou a briga e foi aquela loucura. Esporada pra cá, pra lá, que era um Deus nos acuda. Voava sangue. E o pior é que voava sangue do galo branco, que não deu pro cheiro. Depois de alguns minutos de luta, jazia o coitado esticado no chão, estrebuchando pra morrer. O galo preto tinha mostrado toda sua macheza e destreza na arte de lutar. Tinha levado a melhor. E quem tinha levado a pior era o nosso viajante, que perdera aí uns bons trocados. Talvez todo o salário do mês.
VIAJANTE (para o apostador que havia dado a tal dica infeliz) – Ô moço! O senhor não disse que o bom era o galo branco? Eu acabo de perder 500 por sua causa.
APOSTADOR (na maior cara de pau de interiorano) – O bom era o branco, mesmo. Porque o preto...é o marrrvado, siô! (e ainda ri...)