20/10/2005
O nosso mestre dos causos, o saudoso Cornélio Pires, já disse em seus livro de pataquadas que não existe história velha. O que há são várias maneiras de contála. Assim, a dita corre mundo e de repente reaparece por aqui ou por ali, de forma diferente e cada vez mais engraçada.
Feito o registro, passo a contar um causo desses que o velho Cornélio me ensinou e eu mesmo me divirto com seu desfecho até hoje.
O caboclo entra correndo na igreja da cidade à procura de sêo vigário e logo perto do confessionário já o encontra. O diálogo que se seguiu foi assim:
CABOCLO – Sêo padre! Venha depressa. O sinhô deve ir comigo inté o arraiá, pois o cumpadi Zeca tá no úrtimo suspiro. Tá morrendo, o coitado, e eu vim buscá voismecê pra dá a extrema unção pra ele.
PADRE – Onde o seu cumpadi está? Onde ele mora?
CABOCLO – No arraiá da curva torta. Tem uns par de légua daqui inté lá. Mas vamo logo, sêo padre. Ele tá esperando o sinhô.
PADRE – Me diga uma coisa: o enfermo está mesmo morrendo?
CABOCLO – Craro que tá! Já tá inté com a sororóca.... tá na úrtima suspiração. Tá morrendo mêmo...
PADRE – Mas se é tão longe como o senhor diz, de nada adianta eu ir até lá para dar a extrema unção, pois quando eu chegar lá o enfermo já terá morrido com toda a certeza.
CABOCLO – Num tem esse perigo não, sêo vigário. Quando eu saí de lá, eu me preveni disso. Ele num morre tão fácil porque eu deixei uns amigo meus intretendo ele com uns causo...
Teve a tar extrema unção, com certeza...