13/04/2006
Esses bêbados da minha terra têm cada uma...Imaginem vocês que um cumpadi meu aparece de repente no bar do Gouveia português, dirige-se ao bom e simpático portuga e pede que lhe sejam servidas duas doses de pinga. Até aí, nada de mais, pois o dito cujo podia ser daqueles que não querem perder tempo e já vai logo pedindo duas, que é pra desentupir o peito de tanta poeira. Mas não foi isso que se deu. Para surpresa de todos os presentes, o nosso bom de gole, após virar de uma só vez um dos cálices da mardita, eis que ele tira do bolso da camisa um ratinho miúdo e, carinhosamente, começa a colocar o outro cálice na boquinha delicada do tal rato. Este, por sua vez, sorvia gostosamente a obra – prima da bebida brasileira, até enxugar o fundo do cálice.
Esse ritual de pedir duas cachaças, tomar de uma só vez e servir a outra dose para o ratinho se repetiu por umas dez vezes. E, é claro, a essas alturas o moço já demonstrava em seu comportamento nuances de um cachaceiro. Foi aí que ele pediu ao portuga a conta.
GOUVEIA – São dez rodadas de duas pingas. Portanto, o senhor me deve vinte doses.
BÊBADO – Não, senhor. Tem engano aí. Eu só bebi seis doses e meu ratinho também.
GOUVEIA – Meu amigo. Estou a lhe dizer que são vinte é porque são vinte.
BÊBADO (teimoso e enrolando) – De jeito nenhum. Não vou pagar. Eu só tomei seis e meu rato seis. O senhor é um ladrão!
GOUVEIA (se altera) – Estou a lhe dizer que são 20 e pronto!!!
BÊBADO – Pois eu não pago e quero que o senhor chame a polícia, porque agora vou quebrar a sua cara...
RATINHO (colocando a carinha para fora do bolso do bêbado, com olhinhos vermelhos de cachaça e enrolando a língua) – E olha aqui, sêo portuga!!! Se aparecer algum gato por aí, o senhor diz que eu mandei ele pros quinto dos inferno, tá?
Quem contou jura que é verdade....