31/08/2006
Autor: Paulo Bonfim
Maria felicidade
Era graciosa e bonita
Fora enganada e vendida
Com seu vestido de chita
Seu sangue era o mesmo sangue
Dos anúncios luminosos
Seus olhos da cor do asfalto
Durante os tempos chuvosos
Maria felicidade
Princesa feita de barro
Tinha nos olhos tristeza
Tinha na boca um cigarro
Teve paixão pela lua
Por essa lua de prata
Que lhe trazia lembrança
Daquele cheiro de mata
Maria felicidade
Numa noite de garoa
Sentiu saudades da lua
Sentiu saudades atôa
Seus olhos da cor do asfalto
Buscaram no céu nublado
Aquela amiga de infância
Que as nuvens tinham roubado
Duas luas vinham vindo
Angustiadas, buzinando
Vinham de longe a correr
Vinham mais perto chegando
Maria felicidade
Na derradeira noitada
Benzeu com seu sangue moço
A rua triste e apagada
Seu corpo cor do luar
Desceu a vala sem data
Sua alma faz parte agora
Daquele luar de prata
Daquele cheiro de mata.
*Poemas selecionados e declamados por Rolando Boldrin no programa Sr. Brasil.