18/01/2007
Todo mês, aquele cidadão ficava indignado quando ia pagar sua conta telefônica. Todo mês a conta estava nas alturas, de tantas ligações interurbanas. Era ligação pro Japão, pra África, pras Orópa... enfim, um despropósito, uma vez que naquela casa ninguém ligava pra fora.
Houve desconfiança da empregada, mas logo descartada, uma vez que a dita cuja mal falava o caipirês, quinêm este que aqui escreve este causo.
Pois muito que bem: indignação daqui, desconfiança dali... e nada de matarem a tal charada.
Ah! Esqueci de contar que naquela casa havia um papagaio que falava e cantava de tudo! Pois não é que um belo dia o dono da casa surpreende o tal louro a falar no telefone numa língua atrapalhada? Isso mesmo: as ligações interurbanas estavam sendo realizadas pelo nosso amigo verdinho. Ele discava com os dedinhos e punha-se a tagarelar animadamente com alguém lá do velho mundo, como se fossem velhos conhecidos.
Nem é preciso dizer que o dono da casa ficou uma fera, pois as contas vinham altas demais, fazendo um grande buraco no bolso do dito cujo.
Com uma grande dose de criatividade, o dono da avezinha faladeira resolveu pregar-lhe um castigo, um corretivo: pega o louro pelas asas, dois pregos e um martelo e, numa parede da sala, prega o pobre falante com as asas bem abertas. E ainda diz para o pequeno louro o seguinte: ``Isso é pra você aprender a não ligar mais pra ninguém e muito menos para lugares distantes. Você vai ficar aí pregado por uns três dias``.
Disse isso e se afastou.
Passados alguns instantes desse ocorrido, eis que, num dado momento, o nosso amigo louro percebe em sua frente, na outra parede da sala, um médio crucifixo com um Jesus ali... claro, crucificado.
Ao ver nosso Senhor naquela parede, o tagarelador lhe dirige a palavra:
LOURO – Há quanto tempo você tá pregado aí?
CRISTO – Eu, meu filho, estou aqui pregado há 2.000 anos.
LOURO - (na bucha, indignado) – Puxa! Então você deve ter feito ligações pra muito longe, heim???