10/11/2005
Não gosto muito de contar causo de gaúcho. Tenho admiração pelos fronteiriços, gosto muito de sua cultura. Mas tem esse causo de gaúcho – que, de quebra, tem um mineirinho, pra desanuviar...
A história se passou assim: um gauchão, daqueles bem tradicionais, vestidos a caráter – ou seja, pilchado com bombacha, chapéu quebrado na testa, faca na cintura (pro churrasco) etc. -, entra num bolincho (empório). Dá um tapa forte no balcão, chamando o vendeiro.
GAÚCHO – Ei chê! Me dá uma cana, dupla, heim. Que eu sou gaúcho. E na minha terra só tem macho.
Todos no empório olham pra ele, inclusive um mineirinho raquítico que bebericava sossegado a sua pinguinha. E o pior da história – ou o melhor – é que o gaúcho disse isso olhando diretamente para o mineirinho.
O vendeiro serve o gaúcho, ele vira a pinga num gole e, logo em seguida, pede outra.
GAÚCHO – Agora com pimenta. Me bota uma cana com malagueta, que na minha terra só tem macho.
Fala isso de novo olhando para o mineiro, que se encabula.
GAÚCHO (virando num gole) – Me bota outra, chê. Agora num copo grandão. E me ponha bastante pimenta-do-reino. Eu sou gaúcho macho. Na minha terra só tem macho.
Diz isso de novo olhando para o mineirinho, que bebia a sua minguada pinguinha. Nessa hora, o mineiro ainda arrisca uma respostinha, bem leve:
MINEIRO – Já escutei. O sinhô já falô isso um montão de vez!
GAÚCHO – (para o vendeiro) – Ei, chê! Tu tens creolina aí? Me bota mais uma cana, agora com creolina. Na minha terra só tem macho.
Olha para o mineiro e pergunta:
GAÚCHO (para o mineiro) – Ei, mineiro? Na minha terra só tem macho. E na tua terra, o que é que tem?
MINEIRO (falando bem gaiato e mansinho) – Na minha terra, tem macho e fêmea. E nóis se dá muito bem.....