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Paia...Assada

A gozação O saudoso contador de causos Cornélio Pires, meu mestre de Tietê, sempre disse que gozar um caipira é muito difícil

11/05/2005



O saudoso contador de causos Cornélio Pires, meu mestre de Tietê, sempre disse que gozar um caipira é muito difícil. Muitos engravatados da cidade já tentaram, mas o tiro sempre sai pela culatra. Tem até uma curtinha, que é assim:
HOMEM DA CIDADE (para o mineirinho na saída de uma cidadezinha) – Oh, caipira? Esta estrada vai para São Paulo?
CAIPIRA – Hómi... se ela vai pra Sum Pólo eu num sei lhe dizê não... Agora, si ela fô simbóra pra Sum Pólo, nóis daqui dessa cidade vai sinti muita farta dela...
Viram só como é a coisa? Tem aquela outra que também aconteceu numa estrada. Vinha um capiau andando pela dita cuja empoeirada, montando um pangaré bem magro e desajeitado, quando pára, encostado nele, um grande carrão último tipo. Dentro, um cidadão engravatado resolve puxar prosa a fim de gozar o nosso personagem mais puro.
CIDADÃO – Oh, compadre, me diga uma coisa: o senhor aí montado neste cavalo e eu aqui nesta minha máquina que possui em seu motor nada mais, nada menos do que 120 cavalos... cavalos de força mesmo. O senhor por acaso não sente inveja de mim? Olha só (mostra o carrão)... 120 cavalos. Isso é que é condução. Não este pangaré que não sai do lugar. Quer ver uma coisa?
O cidadão dá uma gargalhada gozativa e, numa arrancada veloz, joga poeira no coitado do capiau, que lá fica coçando os olhos ardidos e a olhar o dito cujo carrão sumir no horizonte.
Mas – sempre tem um mas -, Lá na frente, bem longe deste lugar, na estrada empoeirada, eis que o tal cidadão se depara com uma grande poça d´água, cai com o seu carro naquele buraco encharcado e fica ali, tentando sair, com as rodas girando em falso. Já estava há umas duas horas de suadeira nesta lengalenga pra tirar o seu carrão de 120 cavalos daquela grande poça d´água. Quando surge na estrada, em passos lentos, o pangaré e o tar capiau montado. Vem vindo, vem vindo, chegando lentamente, olhando o estado daquele cidadão todo molhado e raivoso com o problema do atolamento.
O caipira pára o seu pangaré... E antes que o cidadão pudesse dizer qualquer coisa, até mesmo pedir ajuda, despacha num tom mais do que gaiato:
CAIPIRA – Ué? O sinhô parô aqui nessas água pra móde dá água pra sua tropa?
Cornélio tinha razão.....


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