24/08/2023
O corpo carrega o conceito de corporeidade ao se estabelecer no relacionamento entre o um, o indivíduo, e o outro ou outros num ambiente de convívio. Cada qual contido e contornado por sua pele admitindo, ainda, emanações intrínsecas e extrínsecas fluídas através dela. A pele é uma estrutura permeável e adaptável que capta o mundo exterior e comunica o seu estado interior. É ela quem dita o corpo e comporta a individualidade.
O tecido da pele começa a se formar no início da vida intrauterina, dos mesmos substratos do nosso Sistema Nervoso (SN). Portanto, a pele e o SN são intimamente ligados e, tudo que chega a ela, conecta-se diretamente ao nosso cérebro.
Sendo o maior órgão do corpo, a pele invagina-se a formar os orifícios corporais ligando-os à emaranhada teia específica de neurônios sensitivos. Nos diversos orifícios, a pele se diferencia e organiza cada um dos órgãos dos sentidos constituídos por suas sutis diferenciações.
Portanto, todos os saberes que o corpo absorve do mundo exterior, de alguma forma, se fazem pelas sensações absorvidas em tecidos diferenciados da pele (retina, tímpano...), a levar o estímulo recebido por ela a se associarem à memória de um indivíduo. Assim é quando sentimos um cheiro e nos vem à memória algum tipo de emoção.
Quando penso sobre o tema “Saberes do Corpo”, percebo o quanto somos seres de comunicação e aprendizagens, por atuação da pele. Aprender é, portanto, uma questão de pele e das suas diferenciações.
A pele determina como nos chegam as informações semeadas no mundo, vinculando-as ao que somos, a plantar as flores do saber no jardim da nossa memória.