30/04/2020
Psicóloga e granjeira, Maluh Duprat reflete sobre o momento de transição
Tempos estranhos, estes... Fomos pegos totalmente de surpresa, nós e o resto do mundo. Retiro forçoso sem data para acabar, para a preservação da vida. Que depois do pandemônio nunca mais será a mesma. Nem nós!
E por que não? Porque mudamos! Porque ficar em casa nos revelou não sermos exatamente as mesmas pessoas que éramos antes. Nós somos nossas circunstâncias também, e hoje elas são outras. Ficar em casa nos trouxe uma relação diferente com a nossa família, nem sempre mais fácil, mas sem dúvida mais intensa.
Tivemos que aprender a dividir melhor os espaços, já que passaram a ser usados por todos ao mesmo tempo. Definir prioridades, horários de home office de cada um, de aulas online. Dividir as tarefas da casa, que parecem se acumular como nunca. Muitos ficamos sem ajuda de secretárias no lar nesse período, e aí pudemos perceber o quanto elas são fabulosas!
Nosso consumo também mudou. Mais refeições em casa, mais gente pilotando o fogão. Ou os bem vindos deliveries de gostosuras a la carte! Gastamos nada de gasolina e não sentimos a menor falta do trânsito da Raposo. Ar mais limpo, pássaros variados cantando novos hits em sua homenagem! Micos em bandos, circulando pelas árvores - quando não nas mesas -, confraternizando com essas pessoas que, não sabem o que deu nelas, não saem mais de casa.
Vizinhos solidários, ajudando os solitários. Emprestando, trazendo, trocando o que tem e o que falta na casa ao lado. Dias de sol, de lindos fins de tarde, de luas brilhantes, estrelas ainda mais. Céu limpo, vista longa...
Talvez muitas pessoas estejam descontentes com o isolamento, o trabalho que diminuiu, o dinheiro que minguou. Mas quem sabe, aos poucos, nessa nova circunstância que nos envolveu, elas possam ter novas ideias sobre o que podem fazer quando isso acabar, descobrir o que a vida vai demandar delas, que novos caminhos desejam construir ou percorrer... Que coisas na casa podem ser recicladas, quem sabe continuar com o home office que caiu como uma luva, constatar como é bom curtir de perto quem se ama, ter uma vida mais simples e mais rica em sossego e natureza. Recalcular a rota...
Assim é a nossa Granja Viana. Esse é seu mote, o que ela tem a oferecer a quem dela sabe aproveitar, o que ela tem de melhor e mais belo. Passamos sim por um momento muito complexo, mas que nos serve muito bem como oportunidade de rever quem somos e o que queremos, neste lugar tão especial que a Terra reservou para nós!
Maluh Duprat é psicóloga clínica, orientadora vocacional e membro do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática (NPPI), da PUC/SP.
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