13/06/2017
Muitos anos atrás, uma questão recorrente que preocupava as famílias era a longa permanência das crianças na frente da televisão. A TV, quando boa parte da população dos grandes centros urbanos passou a morar em apartamentos, substituía as brincadeiras de rua e ‘tomava conta’ delas na ausência da mãe ou da babá. Incomodava principalmente pelas tarefas de casa em segundo plano, pela sua passividade e chegou a ser vista como um veículo de alienação da realidade social.
Tempos depois (séculos!), com o surgimento da internet e dos videogames, desta vez ativos e interativos, nova polêmica: as crianças deixaram a TV para trás, se ligaram ao universo virtual e se desconectaram do mundo presencial (leia-se familiar). A preocupação dos pais mudou de mídia, mas permaneceu o desconforto com a dependência dos filhos dos jogos e das redes sociais.
Uma crítica injusta, diga-se de passagem, pois os adultos também caíram na rede! Nos primórdios, havia uma única TV para a família toda. Com o advento do computador, a mesma coisa, um para todos. Com a chegada do celular, o telefone, que também era um só nas casas, passou a ser individual e intransferível, da mesma forma que TVs e PCs. Antes, um prá todos; hoje, todos têm um!
A própria TV, que estava se tornando obsoleta diante do avanço da tecnologia, correu atrás e através de cabos, trouxe o mundo cenográfico para dentro de casa. Foi se adaptando ao perfil de usuários cada vez mais exigentes e formatando-se como um novo modelo de comunicação, principalmente através de filmes recém lançados no cinema e seriados dos mais diversos temas, de qualidade cinematográfica.
Voltando ao início da conversa, tínhamos a TV como instrumento de alienação. Me pergunto se hoje, 40 ou 50 anos depois, com a adesão maciça aos andróides e seriados, não estaríamos nós, adultos, também nos desconectando (in)discretamente de uma realidade pouco atraente e de futuro incerto.
Pensando bem, a velha e boa TV – hoje sem bombril na antena -, com seus canais de notícias e publicidade, talvez não seja tão alienante assim...