15/02/2007
UMA FERRAMENTA PRECIOSA
Alocar esforços em auto-conhecimento representa um desafio e tanto. Mas é um dos processos centrais no desenvolvimento da carreira profissional. Ultrapassar dimensões conhecidas, mesmo as interiores, gera enorme ansiedade. Muitas vezes, em nome da tranqüilidade impomos limites ao nosso movimento em direção a nós mesmos. Tais limites acabam reforçando alguns paradigmas que nos enredam e não nos deixam ver com clareza novas perspectivas.
Por isso considero o sabático uma boa ferramenta para identificar nossas forças e potencialidades, avaliar em que condições respondemos melhor, em que circunstâncias reagimos mal. Entrar em período sabático envolve olhar para nossas competências, mapear o know-how já dominado, descobrir caminhos, medir nossos recursos mais profundos.
Sabático é o afastamento do trabalho inspirado por uma motivação íntima. Seu objetivo é a reavaliação da vida pessoal ou profissional. Não importa a duração, se é de meses ou anos, ou o formato. Pode ser uma viagem turística, um curso no exterior, trabalho voluntário, reclusão em casa. O que caracteriza um período sabático é o afastamento da rotina para rever rumos. O termo vem do hebraico shabbath, e significa repouso. É o dia de recolhimento semanal dos judeus. No Antigo Testamento há referência ao ano sabático: um ano, a cada seis, em que a terra fica sem cultivo para depois iniciar um novo ciclo de fertilidade.
Nas universidades americanas o sabático já é secular. Professores ou funcionários graduados que trabalhem seis anos seguidos na mesma escola adquirem o direito de se afastar por um ano para cuidar da própria reciclagem, em geral atrelada ao estudo obrigatório de algum tema.
Afastar-se do dia-a-dia para se reciclar é, obviamente, uma prática muito antiga, mas só em meados do século XX o conceito de sabático começou, nos Estados Unidos, a migrar da universidade para a vida corporativa. Ao final do século, algumas iniciativas já estavam acontecendo no Brasil.