17/05/2022
A partir deste mês, vamos iniciar uma série especial sobre projetos sociais que atendem crianças e jovens na região, complementando a formação pessoal e educacional.
A educação se tornou uma causa para mim aos 15 anos (final dos anos 1980, quando eu cursava o ensino médio em uma escola pública do meu bairro, a mesma em que estive ao longo de toda a educação básica), quando tivemos uma greve de professores que durou 2 meses. Ali começava a ficar claro que a disputa por uma vaga em uma boa universidade não seria justa.
Que o ensino público, de forma geral, não dá conta de suprir a formação educacional de crianças e jovens já sabemos, tendo sido agravado ainda mais devido à pandemia de COVID19. Mas o que nós, cidadãos, estamos fazendo para ajudar a melhorar isso?
Foi justamente com esta provocação que iniciei um debate com alguns amigos no final de 2021, após finalizar um trabalho com jovens em uma instituição sem fins lucrativos da região e constatar o baixo nível educacional. De nada adianta acharmos que está “resolvido o problema” quando conseguimos matricular nossos filhos na rede privada de ensino. Cerca de 81% dos estudantes da educação básica (níveis fundamental e médio) estão na rede pública e as consequências de uma baixa qualidade do ensino público são sentidas por toda a sociedade. Empresas de diversos segmentos enfrentam dificuldades para contratar mão de obra qualificada e jovens com baixa qualificação enfrentam dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. Além disso, a evasão escolar também impacta no aumento da criminalidade, conforme constatou o sociólogo Marcos Rolin, autor do livro “A formação de jovens violentos: estudo sobre a etiologia da violência extrema”.
Precisamos compreender que está em nossas mãos a melhoria desse cenário, não apenas como cidadãos eleitores (votando em representantes que priorizam a educação), mas também apoiando projetos sociais que atendem crianças e jovens de forma complementar à educação formal.
Para nos inspirar, trago aqui a história de uma jovem moradora da região, que cursou o ensino médio na escola estadual Ary Bouzan, localizada na Vila Santo Antonio e teve sua vida transformada graças à capacitação profissional que recebeu do Instituto PROA , com sede no município de São Paulo. O projeto não é da região, mas a história da Thauanny da Silva Batista merece ser conhecida.
Atualmente com 20 anos, ela conta que conheceu o projeto por acaso, quando estava indo para o trabalho na Av. Paulista e ouviu uma pessoa falando pelo celular com alguém sobre a ideia de chamar jovens de baixa renda e prepará-los para o mercado de trabalho. Resultado: participou do processo seletivo e cursou Tecnologia durante o 2º semestre de 2020. “Estudei por seis meses até me formar, saí do PROA não só aprendendo a programar, mas com valores pessoais e profissionais bem alinhados; eles não somente me ensinaram o que eu precisava para o mercado de trabalho, mas também, o que eu queria para os próximos anos." A jovem decidiu prestar vestibular para ingressar na FATEC Carapicuíba, cursou um semestre de Design de Mídias Digitais, mas não era exatamente o que procurava. Insistiu e atualmente está cursando Desenvolvimento de Jogos Digitais. “Foi amor à primeira vista, eu me encontrei, era isso o que eu tinha que fazer.”
Thauanny ressalta que “graças ao PROA, muitas oportunidades surgiram; quando eu comentava em entrevistas de trabalho que havia feito o curso, as pessoas ficavam entusiasmadas”. Como o projeto tem o objetivo de encaminhar o jovem para o mercado de trabalho, ela conta que foi com a ajuda deles que conseguiu o atual estágio como Analista de Desenvolvimento ASP: “Fantástico, conquistei muitas coisas na minha vida e sou agradecida demais ao PROA por me ensinar e guiar, e principalmente, à minha mãe, que sempre me incentivou a correr atrás de oportunidades.”.
Linda história não é? A Thauanny teve a oportunidade de receber uma capacitação profissional que transformou sua vida, graças a um projeto apoiado por empresas e pessoas físicas. Nem todos têm as mesmas oportunidades, cabe a nós, cidadãos, contribuirmos para diminuir tantas diferenças! Esse é o chamado e, a partir do próximo mês, traremos aqui mais detalhes de projetos da região que transformam a realidade de crianças e jovens e as formas de colaborar.
Fontes: www.gov.br / BBC Brasil