22/12/2022
Aquela sensação de que o ano passou muito rápido paira no ar, nos escritórios, nas fábricas, nos corredores da Academia, nas lojas e na nossa casa. Parece que o tempo, que dizem ser relativo, voou neste ano de recuperação de anos de pandemia, de instabilidades na saúde e no mundo do trabalho.
Muitos ainda buscam a saúde mental após uma mudança tão brusca de modus operandi de trabalho híbrido, home office ou presencial. O trânsito nas grandes cidades voltou a toda com o medo do transporte público e o uso das máscaras. Os deliveries nunca foram tão intensos após o costume de receber tudo na porta da casa ou na portaria do condomínio. As relações pessoais por meio das câmeras e dos “quadradinhos” dos vários sistemas de teleconferência que confundem a cada reunião. A vida de nômades digitais que conseguem agora não ter um local único de morada e trabalhar de todo lugar.
Mas neste mar agitado de muitos temas e discussões, a questão do ESG e da sustentabilidade se consolidaram cada vez mais. Desde o Fórum Econômico Mundial de 2020, no meio da pandemia, com o seu fundador Klaus Schwab e depois das falas de Larry Fink, CEO da BlackRock, um dos maiores fundos de investimento do mundo, os temas ESG e sustentabilidade ganharam uma força no mercado dos investidores, das empresas e “cascateando” para todos os outros mercados.
Ao mesmo tempo, o Pacto Global da ONU e as grandes conferências, como a Conferências das Partes (COP), trouxeram luz aos temas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e do aquecimento global. E, com isso, muitas empresas firmaram os seus compromissos com o Net Zero, ou seja, zerar a emissões líquidas (diretas e indiretas) de gases do efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono.
Não gosto muito disso, pois tem uma grande chance de deixar algo de fora, mas escolhi seis pontos de atenção para o Brasil que aconteceram neste ano nas temáticas do ESG e sustentabilidade.
A 27ª Conferência das Partes, a COP27, realizada em novembro deste ano no Egito. Ela teve o objetivo de reunir lideranças do mundo todo para discutir ações para enfrentar as mudanças climáticas e o aquecimento global. Um dos principais pontos desta conferência foi uma resolução para um tipo de financiamento climático para aqueles países que sofrem mais com a crise climática. Porém, ainda não está claro de onde vem o dinheiro, para onde e o quanto será. O Brasil teve o seu futuro presidente presente, colocando o país de volta à liderança nas discussões.
A COP15 tem a natureza como foco, por meio da Convenção sobre Diversidade Biológica, um tratado adotado para a conservação e o uso sustentável da diversidade biológica e questões relacionadas. Esta COP está sendo realizada agora em dezembro com governantes de todo o mundo para chegar a um novo conjunto de metas pela natureza para a próxima década, por meio do Marco Pós-2020 da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU. Para o Brasil, será muito importante para poder definir possíveis políticas públicas e metas referentes ao desmatamento e financiamento de atividades predatórias à natureza.
Em uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com cerca de mil empresários do setor, cerca de 85% já formalizaram o compromisso ou pretendem implementar os critérios ESG em seus processos de produção. E nove em cada 10 empresários disseram que os critérios ESG são importantes para o seu negócio. No ano passado, a mesma pesquisa mostrou oito em cada 10 empresários. Um super avanço para o país.
O país agora já é um dos maiores empregadores da indústria de biocombustíveis, solar, hidrelétrica e eólica. Ficando apenas atrás da China, que tem 42% dos 12,7 milhões de postos de trabalho do mundo, segundo a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). Os dados compilados pela CNI em 2022, mostram que a expectativa para o total de novos empregos no planeta para esta área é de 38,2 milhões até 2030. Temos que investir mais nestas tecnologias, educação e geração de empregos.
No meio deste ano, a revista The Economist, super influente no mundo dos negócios, fez uma capa e uma matéria colocando que o ESG deveria ter um olhar só no meio ambiente e focado nas questões de emissões de gases de efeito estufa para minimizar as mudanças climáticas, uma vez que este é o atual “vilão” principal do mundo. Esta matéria causou muito debate e discussões. E nos EUA já existe um movimento liderado por algumas empresas e políticos para voltar ao capitalismo no qual estas questões sociais e ambientais são responsabilidade exclusiva do governo, sendo que a empresa existe só para ganhar lucro. Vamos ver as cenas dos próximos capítulos.
Em 15 de novembro de 2022, o planeta Terra ganhou oito bilhões de pessoas respirando, tentando se alimentar, morar, vestir, estudar, se locomover, entre outras ações. O “pai” da demografia e conhecido por sua teoria do controle do aumento populacional, Thomas Malthus, colocou ainda no século 18 que os meios de subsistência crescem em progressão aritmética e a população em progressão geométrica. Assim, já retiramos muito do planeta Terra e este não está conseguindo se regenerar.