29/08/2024
O que seria da humanidade se os patrimônios oferecidos pela
natureza, ou os direitos sobre a propriedade intelectual e manifestações
culturais das formações tradicionais dos povos, ou as obras de arte, arquiteturas,
não se mantivessem protegidos e preservados?
Há quem acredite que o desenvolvimento urbano deve prevalecer
sobre a preservação das raízes culturais, paisagísticas e históricas. Essa
visão, muitas vezes, prioriza o crescimento econômico e a expansão das cidades,
desconsiderando o valor inestimável das características fundamentais para o
reconhecimento da identidade de um lugar ou de uma cultura. Ignorar a
importância de manter viva a essência dos lugares, suas histórias e suas
paisagens, que são pilares da identidade coletiva.
Eu, por outro lado, acredito que o verdadeiro desenvolvimento
deve ser equilibrado, respeitando tanto o progresso quanto a preservação. Um
crescimento saudável não significa destruir o que veio antes, mas sim integrar
o novo ao antigo, valorizando nossa herança cultural e natural. O respeito pela
história e pelas características únicas de cada local não apenas enriquece a
sociedade, mas também cria um ambiente mais harmônico. Vejo, isso como o
equilíbrio entre inovação e tradição que define um desenvolvimento realmente
sadio e autêntico.
Nosso bairro possui um exemplo concreto desta história. A
Paróquia de Santo Antônio, localizada no centrinho da Granja, remonta ao ano de
1949 quando foi erguida pelo Sr. Niso Viana para servir como um local de Fé
para atender as famílias e trabalhadores da fazenda e das proximidades, em uma
época em que as capelas rurais eram fundamentais para a vida religiosa e
comunitária. Ainda hoje ela continua a servir a esta missão.
Apesar de sua importância histórica e cultural, a Capela de
Santo Antônio não é oficialmente tombada pelos órgãos federais (IPHAN) ou
estaduais (CONDEPHAAT), que asseguram a preservação no cumprimento do papel de
proteger fontes de Valor Universal Excepcional.
Isso significa que, embora seja reconhecida localmente como um
patrimônio importante, ela não possui a proteção formal que garantiria sua
preservação sob a legislação de patrimônio histórico e artístico. Isso também
implica que a conservação e manutenção da capela dependem em grande parte de
esforços locais, incluindo a comunidade, a igreja e, possivelmente, iniciativas
privadas ou municipais.
No contexto de patrimônios materiais, composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza, conforme os quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. É sim de se refletir, quanto a importância de Monumentos naturais, formações geológicas e lugares de relevância científica, de conservação ou de beleza cênica, tal qual configuram patrimônios naturais do nosso país que tem grande relevância na integração homem e meio ambiente. Inclusive, isso me faz lembrar uma célebre música de um cantor que para mim e muitos de nós, pode ser considerado parte do nosso patrimônio cultural, nas palavras do icônico mestre Jorge Ben Jor:
“Moro, Num país tropical, Abençoado por Deus, E bonito por natureza”.
Esse trecho desta canção contextualiza a respeito dos bens de
beleza natural do Brasil, onde a Convenção para a Proteção do Patrimônio
Mundial, Cultural e Natural, elaborada na Conferência Geral da Organização das
Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1972, e
ratificada pelo Decreto N°. 80.978 de 1977, defini formalmente uma lista de
bens de patrimônio mundial.
Em âmbito federal, há uma relação de bens tombados pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), cujo o órgão
regularizador tem como missão promover e coordenar o processo de preservação
para garantir o direito a memória do patrimônio cultural brasileiro,
fortalecendo nossa identidade.
Quando comecei a escrever esta matéria, considerando que o órgão
completou 87 anos neste mês de agosto e dada a importância dos valores
atribuídos ao seu propósito, consultei imediatamente a lista de patrimônios do
município de Cotia para investigar os bens tombados na região.
A Casa Sítio do Mandú, no bairro do Portão, tem sua edificação
tombada pelo órgão e foi construída provavelmente no início do século XVIII.
Ela constitui um exemplar tardio das habitações bandeiristas e é um dos poucos
remanescentes deste tipo de arquitetura, em taipa de pilão e pau a pique.
Outro, tombamento da nossa região é o sítio do Padre Inácio, no
Morro Grande. A casa, também tombada, foi construída nos fins do século XVII e
é em valioso exemplar da arquitetura colonial paulista.
A minha visão é que estes locais poderiam abrir suas portas para
contar suas histórias, e que o município em parceria com o órgão IPHAN,
fornecessem nova vida a toda riqueza que estas edificações contam, mantendo
vivido o aspecto cultural que elas carregam.
É fundamental reconhecer a importância desses patrimônios não
apenas como testemunhos do passado, mas como pilares da nossa identidade
cultural e ambiental. A preservação desses exemplares protegidos não é apenas
um ato de respeito, mas também um compromisso com a sustentabilidade.
A terra conta ricas históricas, fica aqui, como reflexão, meu
Caro leitor.
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