03/04/2008
Sou um entusiasta do Google. Começo a coluna assim, simples e direto: o Google é a maior revolução da última década.
Temos hoje uma possibilidade de saber, ver, encontrar, ler, procurar o que quiser, e os resultados são infindáveis. É impossível ser um só no Google: lá só há espaço para a multiplicidade.
Antes da revolução micro-eletrônica e do advento da Internet os homens mais pensavam do que procuravam, mais refletiam do que olhavam, mais escreviam do que liam. Simplesmente porque havia muito mais tempo hábil para se concentrar em um só assunto, em um só tema.
Depois da aceleração do cotidiano e da revolução micro-eletrônica, a internet mostra uma velocidade em que não estávamos acostumados. Documentos chegam em minutos, ligações telefônicas a preço irrisório, descoberta de amigos e muito, mas muito mais informação para cada pessoa.
O que isso tem a ver com arte?
Tem a ver que a obra de arte perde o seu status de “raridade”, já que qualquer procura por “Monalisa” no Google traz um incontável número de resultados. Não há artista que se esconda, não há artista que queira se esconder. E junto do status “raro”, a arte perde a sua “aura”, criada justamente por uma individualidade, por uma unicidade dos instrumentos e objetos.
Tratemos isso como consequências, e explicando por que sou um entusiasta do Google.
Se, por um lado temos um problema quase crônico de escrita - “vc”, “pq”, “naum”, “blz” -, por outro lado temos o Google como um remédio a longo prazo para isso, já que buscas por “vc” e “pq” tem uma tendência a apresentar resultados em escala muito menor (isso se o google não trocar automaticamente “vc” por “você” - não até agora).
Além disso, se por um lado temos o status de “raro” sendo jogado aos sete mares – algo que irrita profundamente a elite detentora do domínio do conhecimento da cultura erudita -, por outro lado temos a socialização da arte e a necessidade urgente de uma reciclagem nos meios de se produzir e promover uma arte.
Hoje, o artista está cada vez mais dependente de apenas uma pessoa. Ele próprio.
O Google, a passos muito lentos e a sinais efêmeros, significa uma quebra de estratificação social, um óculos nas visões dos preconceitos e uma lanterna para iluminar o túnel escuro.