16/11/2022
Você pode imaginar que um país que sofreu um genocídio com um milhão de mortos em 3 meses possa hoje, 28 anos depois, ter uma cultura de paz?
Pois foi isto que constatei a olhos vistos em minha passagem por Ruanda, a Suíça africana ou o país das mil colinas, na África Oriental.
Com dez milhões de habitantes, este país com 77,7% de católicos, tem vivido depois do grande massacre da etnia tutsi pelo hutus, uma persistente educação para a Paz.
O atual governo liderado pela Frente Patriótica Ruandesa (RPF), desde o ano 2000, aboliu a separação de identidades segundo as etnias e hoje todos são ruandeses, independentemente de sua origem.
Foram fortemente estimulados a não promover vingança, que nada contribuiria para a evolução de suas vidas. Foi o que ouvi de cidadãos que cruzei.
Além disto, a corte de Gacaca, com doze mil tribunais de base comunitária, aplicou a justiça restaurativa para milhares de famílias, promovendo o reconhecimento de culpa pelos criminosos, o perdão pelas vítimas do genocídio e a reconciliação entre comunidades com um caminho de esperança para o futuro.
Violência zero, foi o que senti em pleno centro da capital Kigali. Ruas impecavelmente limpas, fruto de uma educação para cidadania: um sábado por mês, todos se dedicam à limpeza de seu entorno.
Na área rural, a pobreza não impede, pelo contrário, tem na cooperação entre os pequenos agricultores a base para uma economia de troca e solidariedade. Quem tem animais, por exemplo, compartilha com outros o que tem. As terras são cultivadas comunitariamente.
Mulheres costuram por toda a parte. Andam coloridas. Equilibram suas cestas e baldes na cabeça. Lindas, eretas e resilientes, assumem muitas cadeiras no parlamento. Têm voz.
Vi um país inspirado, que virou a página. Que se juntou. Que aboliu as diferenças disfuncionais. Que se supera cotidianamente. E que quer verdadeiramente crescer.
Em princípios e ética.
Uma inspiração para nós.
É possível.
Queremos?
Mônica Rosales
Empreendedora social, co-fundadora e oficineira da Associação São Joaquim de Apoio à Maturidade. Experiente terapeuta artística e biográfica, tem espírito aventureiro, é avó de gêmeos e ama viagens de conhecimento. Esta é a 4a vez que vai para a África.