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Queremos brasileiros melhor educados. Por mais que pareça estranho esse título, ele não surgiu da minha cabeça, mas sim de outro sociólogo

30/11/2007



Por mais que pareça estranho esse título, ele não surgiu da minha cabeça, mas sim de outro sociólogo. Porém, muito mais famoso que esse colunista-mirim.

Fernando Henrique Cardoso, formado, mestrado e doutorado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo cometeu um erro. Venho aqui para dizer que o erro não é de português, mas de conceito.

Como assim, um erro de conceito? Explico...

Semanas atrás, FHC deu uma entrevista dizendo que dentro do tucanato, o nível das pessoas é acadêmico, e que eles (tucanos doutores) prezam esse título, e gostariam muito que o povo brasileiro dominasse a norma culta da língua portuguesa. Nas palavras do ex-presidente, “queremos brasileiros melhor educados, e não liderados por gente que despreza a educação”.

Até então, apenas um erro de português. Não se fala “melhor educado”, mas sim “mais bem educado”. Alguma coisa a ver com concordância, particípio. Ou seja, bola na trave!

Errar é humano, já dizia o ditado, mas errar em cima do erro dos outros?

Essa discussão aconteceu semanas atrás, e até então, briga diplomática. Ex-presidente criticando, assessor rebatendo, presidente debochando. Tudo como o previsto.

Mas o que me fez escrever essa coluna é que na Folha de S. Paulo do dia 29 de novembro, Mônica Bergamo fez uma pequena entrevista com FHC, comentando o fato de ele ter dado uma declaração e ter errado no português, em que ele diz que achava que não errou - “acho que não errei”, dizia.

Mônica Bergamo o corrigiu, dizendo que ele estava errado sim, que o correto seria “bem educado”, e que o uso do “mais bem educado” pressupõe cordial, porém com hífen... Bom, essas coisas que a gente sempre vê em entrevista de jornalista com ex-presidente.

E Fernando Henrique respondeu, quando já não havia mais o que dizer, que “pode ser [que estaria errado], mas a língua é algo vivo. Os gramáticos fixam as regras, mas isso muda. Todo mundo fala assim, vai mudando a língua”.

Agora sim, bola pra fora. Longe da trave.

Errar é humano, errar em cima do erro dos outros é sobre-humano, se lambuzar inteiro, aí sim é FHC.


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