13/08/2008
Assunto delicado... Falar em números, ganhos, comparações...
Leio que o responsável pela evolução da ginástica olímpica do Brasil nas duas últimas olimpíadas, o ucraniano Oleg Ostapenko, está querendo permanecer no Brasil (ele treinou a Daiane dos Santos, a Daniele e o Diego Hyppolito, a Jade Barbosa, e vários outros atletas). Isso porque o projeto de evolução da ginástica chega ao fim agora, com a ida das atletas a Pequim (ou Beijing - como será o certo?) e a classificação do time brasileiro de ginástica feminina para disputar a final, com várias ginastas concorrendo a medalhas. Mas depois da Olimpíada, encerram-se as atividades, fecha-se o centro de excelência criado para os treinamentos em Curitiba, as atletas retornam aos clubes... baubau.
O projeto pode continuar. Depende de... verbas. Quais verbas? várias, uma delas o salário do treinador. Quanto é mesmo? oito mil reais por mês.
Você deve estar fazendo as contas, como fiz quando li a notícia no jornal. São mais ou menos 100 mil reais por ano, mais as obrigações sociais, que não sei exatamente em quanto ficam. 400 mil até a próxima Olimpíada. É muito dinheiro.
Será que é mesmo? Se formos comparar com o salário mínimo, ou com o salário considerado agora como da "classe média" brasileira, é muito... Mas já vi e já trabalhei em projetos de multinacionais, aqui, com a duração de três ou quatro meses, com custo bem superior ao milhão de dólares...
Quanto é a verba de uma campanha publicitária do governo federal? ou estadual, ou municipal? Milhões, e esse dinheiro não gera uma só vaga para atleta, viagem, medalha; não desenvolve absolutamente nada. É dinheiro investido em imagem - vá lá, raramente pode ser em informação.
Então o salário do Sr. Oleg Ostapenko já não parece tão caro, não é? E o dinheiro desviado em corrupção, então? são quantias de quantos zeros?
Queria saber das e dos atletas da ginástica brasileira o que acham do Sr. Oleg Ostapenko. O que acham do projeto terminar, e do Sr. Ostapenko querer ficar no país, à espera de uma proposta de trabalho e nenhuma aparece.
Vocês viram, ao vivo ou pela TV, as apresentações dos nossos atletas? Foi uma coisa muito forte, não?
Olá, grandes supermercados! Olá, empresas de cosméticos! Olá, fabricantes de tênis, de material esportivo! Olá, grandes bancos! Olá, governo federal, como não! Que tal uma verbazinha anual de 100 mil reais (mais os direitos trabalhistas...) de patrocínio? Vale a imagem estampada na camiseta da atleta ou do atleta olímpico? Vale a representação do Brasil no exterior, vale a imagem do país? Vale o exemplo para outros jovens? Vale, é claro que vale... que tal a audiência de uma competição de ginástica brasileira numa disputa olímpica? aposto que estoura a boca do balão!
Será que a coisa vai ficar assim, o Sr. Ostapenko pegando o primeiro avião para a Ucrânia (quantas escalas terá que fazer?) depois da Olimpíada?
Meu santo das causas perdidas - como é o nome dele? - valei-me! Departamentos de marketing iluminados, secretarias de esportes, acorda aí, pessoal... não é possível uma coisa dessa, home!
Políticos excelentes deste país - quedê a política de incentivo ao esporte? Vamos deixar essa oportunidade de oferecer modelos esportivos nacionais para os jovens irem embora?
Acorda, gente!
Deixo para outra oportunidade a discussão: o treinamento de um atleta olímpico faz bem à sua saúde? e esse ambiente de competição - é bom para os jovens?
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