18/08/2011
Cerca de 130 professores, liderados pela Apeoesp – Sindicado dos Professores de São Paulo, lotaram o plenário da Câmara dos Vereadores durante a sessão dessa terça-feira(16).
Com várias faixas, eles foram protestar contra as supostas declarações feitas pelo vereador Beto Rodovalho na semana passada.
Segundo um site de notícia da cidade, após os professores distribuírem cerca de 10 mil panfletos citando a difícil realidade das escolas municipais e apresentando a pauta de reinvindicações do movimento, o vereador teria insinuado que a solução seria "dar porrada" nos professores. Os professores afirmam que esse panfleto teria sido muito mal recebido pelos vereadores de Cotia.
Após a leitura da ata da sessão anterior, o vereador Beto Rodovalho subiu à tribuna para falar a respeito do ocorrido.
"Fui mal interpretado por uma frase que não saiu da minha boca", disse. Segundo ele, recentemente, os vereadores receberam um grupo de professores na Câmara, e ele mesmo teria participado de outras reuniões tentando ajudá-los.
"Tenho muito respeito pelos professores e me senti ofendido", disse. "Se de alguma forma fui interpretado errado, aqui está a minha justificativa", concluiu deixando a tribuna, sem pedir desculpas como havia anunciado que faria. Nesse momento uma salva de palmas seguida de vaias tomou conta do plenário.
O presidente da Câmara, Paulinho Lenha, precisou intervir e pedir ordem. "Peço silêncio e respeito, essa é uma Casa de Leis", disse.
Na sequência, os vereadores foram à tribuna em defesa do colega. O vereador Giba citou o Dia Nacional de Mobilização pelo piso salarial dos professores em todo o País. "O salário da nossa cidade, apesar dos aumentos dados, continua defasado. É preciso ainda melhorar a qualidade do ensino", disse.
Os professores saíram da Câmara em côro, gritando "Educação sim, Porrada Não" e se concentraram na Praça da Matriz.
"Nosso movimento não é só pelo que falou o vereador Beto Rodovalho", disse ao megafone uma das organizadoras. "Não temos giz, os professores bons estão indo embora, não há professores e as crianças estão sem aula", relatou.
Ela citou ainda que não recebem o que é de direito. "O Fundeb é a maior verba federal que existe nesse município. Está tudo atrasado e eles não querem pagar o que é direito nosso", gritou.
Dali todos saíram em protesto pelas ruas do centro.
Salário
O prefeito Carlão Camargo divulgou há alguns dias, um aumento escalonado de 30%, sendo 10% em 1º de outubro, 10% em 1º de janeiro e o restante em junho de 2012.
Os professores de Cotia querem que o plano de carreira seja revisto, pedem a validação dos cursos para promoção na carreira, além de transparência no Confundeb (Conselho do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica).
Secretária de Educação
A Secretária de Educação, Olga de Moraes, declarou: "Todos os pagamentos dos professores estão em dia". Com relação à reclamação de falta de giz nas escolas, Olga disse que desconhece. "Estive em reunião com eles, onde recebi uma pauta de reinvindicações e nela não consta nada disso", relatou.
Olga nos informou que o piso salarial nacional dos professores é de R$1.187,97 para uma jornada de 40 horas semanais.
Segundo ela, em Cotia, existem dois quadros:
Piso de 30 horas. Com magistério: R$ 1.203,68. Com faculdade: R$1.504,60
Piso de 40 horas: Com magistério: R$ 1.604,90. Com faculdade: R$2.006,13
"Com relação ao aumento dos professores, já está acertado que ele acontecerá em 1º de setembro com pagamento em 1º de outubro. Os outros 10% de janeiro também estão ok. O Secretário da Fazenda está fazendo o planejamento da verba para sabermos se o aumento de junho também ficará definido", disse.
"Com relação ao plano de carreira, existe uma comissão eleita democraticamente por eles, que está se reunindo de 2ª até 6ª feira, na E.M. Francisca Manoel de Oliveira.", explicou.
"Se tiver algum curso que não estava ok, curso de instituição não reconhecida, será indeferido. Como só pode dar entrada nos cursos de 1º de fevereiro até 30 de abril, o que for indeferido agora poderá ser dado entrada em fevereiro.
Olga explicou ainda que 60% da folha de pagamento são do Fundeb e os outros 40% são usados para compra de material e reforma e construção de escolas.
Questionada sobre a diferença de salários entre Cotia e municípios vizinhos, a secretária disse: "As vezes o município não reforma escola nem constrói e repassa verba para os professores. Nós temos que construir. Até 2016, todas as crianças de 4 e 5 anos tem que estar na escola. Até 2020, todas as de 2 e 3 anos. Além disso, todas as nossas escolas tem período de 5 horas, e tem outros municípios com três períodos. Nós queremos ampliar a jornada dos nossos alunos", explicou.
A Secretária informou que Cotia hoje tem 109 escolas e muitas estavam em situação ruim. "70% delas já foram reformadas", disse. "Temos três em construção: o Ceuc, que abrirá muitas vagas, a Miguel Mirizola e vamos iniciar a do Jardim São Vicente, em parceria com o MEC".
Olga informou que ficou acertado que a pauta de reivindicações entregue pelos professores seria analisada por uma comissão e que o prazo estipulado para resposta é no próximo dia 26.
"Vou soltar um memorando para os diretores e publicar no site oficial", disse.
Por Fau Barbosa/Portal Viva!