16/09/2009
Após a aprovação da lei antifumo em São Paulo, reacendeu-se a discussão sobre o tabagismo e suas consequências, tanto para o fumante quanto para aqueles que o cercam, os chamados fumantes passivos. Transbordam informações e estatísticas a respeito dos malefícios causados pelo cigarro, e a ordem do dia é bastante clara: pare de fumar.
O que parece estar sendo esquecido é que o tabagismo é um vício difícil de se livrar e que parar de fumar na maioria das vezes requer mais do que apenas força de vontade. A nicotina presente nos cigarros é substância de alto poder de adição, semelhante ao da heroína, por exemplo. A cada ano, cerca de metade dos fumantes tenta abandonar o hábito, mas menos de 5% tem sucesso. A abstinência da nicotina é descrita com precisão: insônia, enjoo, irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração, aumento de apetite, ganho de peso. Esses sintomas têm início algumas horas após o último cigarro, atingem o pico na primeira semana, e diminuem progressivamente nas semanas seguintes; momentos de fissura podem acontecer ocasionalmente por meses, e em alguns casos, anos. O ganho de peso costuma persistir por pelo menos seis meses.
As chances de sucesso na cessação do tabagismo aumentam em cinco vezes com suporte de um profissional de saúde. Diferentes tratamentos podem ser propostos, de orientações gerais à medicações específicas. As terapêuticas de primeira linha incluem produtos de reposição nicotínica (adesivos transdérmicos, chiclete, spray nasal, nicotina inalatória) e não nicotínicos (bupropiona e vareniciclina). As medicações, em especial, devem ser usada de forma cuidadosa, pois são drogas que agem no sistema nervoso central e podem ter efeitos colaterais importantes.
Hoje, 16% de nossa população ainda fuma. Medidas como aumento no preço dos cigarros e redução dos locais onde o fumo é permitido tem sua função, mas é importante auxiliar aqueles que desejam parar - estima-se que sejam 70% dos fumantes. E não somente adotar uma postura de reprovação, sem levar em conta que o tabagismo é, de fato, uma dependência química.