13/08/2008
Sou músico, sou professor de violão, e a maior lição que posso ensinar para um aluno meu é justamente essa: O palco tem que ser respeitado.
A arte não pode ser aleatória, a música não pode ser sem querer. Quando você sobe no palco, tem de ter a consciência de que ali não é apenas o lugar onde você se encontra com um público, mas também o lugar onde você se encontra com Deus.
O respeito pelo palco começa na alma, passa por toda a corrente sanguínea, percorre cada nota vital do seu corpo e termina na ponta dos dedos, gerando tons e reverberando a existência.
Aprendi um pouco disso com o professor do Cazuza, Ney Matogrosso. É Ney quem disse para Cazuza que o palco tem de ser respeitado, que tem de ser louvado, agradecido, enfeitado, bem tratado – e deu no que deu, Cazuza não tinha só respeito pelo palco, mas respeito pela arte, pela música, pelo público, pela Vida.
A arte tem um poder, a música tem um poder – e por mais que se tente mercantilizar a música e fazer da arte um fetiche, o capitalismo nunca conseguirá oprimir a originalidade e a genialidade. Por isso, a maior lição que ensino para os meus alunos é que o palco tem de ser respeitado, e a música não é figurante, é atriz principal na Vida. Uma nota certa, num ritmo certo, numa hora certa pode despertar qualquer emoção no ser humano. O choro, a felicidade, o rio de lágrimas, a criatividade, a inspiração. A música tem o poder de dar força para tudo aquilo que a alma pressente.
Por isso, quando eu subo no palco sei que devo me entregar por completo ali. Respeito e sou respeitado, num amor fraternal entre eu, o palco, a música, a banda e o público.
Não se pode tocar por tocar, o palco tem de ser respeitado.