24/04/2008
É uma pena a atitude da imprensa com a população e a atitude da população com a imprensa nessa estória de "caso Isabella".
É muito triste saber que uma menina morreu, é muito triste saber que compaixão, afeto e carinho passam bem longe do dicionário dessas pessoas, mas nada disso é um caso social que deve ser tratado de maneira tão incisiva pela mídia e pela sociedade. O caso é claramente um problema psíquico, que deve ser tratado entre um profissional da área de saúde mental e as autoridades necessárias.
Mas não, toda a sociedade julga, palpita, assiste, compra.
Agora, muita gente ouviu algo, muita gente viu uma atitude suspeita, e a tv mostra, brinca, finge de bravo, chora, tira sarro da cara da população.
Faz comédia em cima do trágico.
E a população, numa atitude mórbida, assiste a tudo de camarote, esperando para saber qual vai ser o próximo passo da polícia federal e qual vai ser o próximo depoimento do Cidade Alerta.
Programas de tv que baseiam sua pauta em tragédias, que ficam felizes e ganham mais anunciantes quando um caso como esse acontece. Programadores e diretores que rezam aos céus para que algo assim aconteça, para dar ânimo, movimento e emoção para 5, 10, 15 pautas de jornalismo. Programas que renascem da morte alheia. Programas que deveriam estar mortos.
Também acho uma pena e sinto um extremo pesar pelo que aconteceu com a menina, mas eu sinceramente não quero saber quem matou e não quero saber qual vai ser o veredicto.
Isso não me interessa.
Não faz parte do meu julgamento tratar uma pessoa com distúrbio mental, faz parte do meu julgamento tentar mudar a sociedade. Mas parece que partilho somente em mim e comigo mesmo essa opinião. Todos querem sangue, todos querem tristeza, decepção, choro.