22/12/2005
As aulas da escola mesmo já acabaram há um mês, mas no colegial eu descobri como é legal ficar mais alguns dias com meus professores fazendo provas das matérias que evitei durante o ano inteiro. São as famosas semanas de estudos especiais para alunos especiais. Uma revisão anual comprimida que ou você entende o assunto ou você entende. Terrível, foi estresse pelo ano todo.
Enfim, passado esses dias atípicos de estudo intenso e bunda quadrada de cadeira, eis que surge no horizonte, meio tímida ainda, as férias, mais uma vez tão esperadas. Ah sim, as férias! O doce sabor do tédio, a incrível magia do ócio. Acordar a hora que quiser, ou até começar a funcionar o aspirador. Dormir a hora que quiser, ou até a televisão se mostrar completamente inútil na minha vida. Fazer nada e não querer fazer algo. Se enfartar de computador e do pijama. Esperar ardentemente esse trágico período que antecede o natal e o ano novo igual.
Isso sim é férias de dezembro, que diferente das de julho, não me reservam no seu final o reencontro com os amigos e o uniforme da escola. Isso sim é terceiro colegial, e essas são as férias que o sucedem. É um alivio sair da escola para nunca mais voltar, é um alivio tão grande que eu faria de tudo para sentir esse alivio por toda minha existência. Depois de “aliviados”, encontramos as férias.
Mas na verdade as férias é que encontram a agente. Arrumando espaço no armário, colocando os livros escolares para nunca mais tirar. Folheando o caderno na sua maior parte em branco, mas com um resquício dos três trimestres. Bilhetes nas agendas, recados no estojo. As férias nos mostram o ano que passou voando por aquela janela e os raros momentos que conseguimos agarra-lo. Mostram como dói a distância e como é difícil pegar o telefone para dizer que estamos com saudade. Férias não servem para nada a não ser para fazer nada. Férias não adiantam em nada sem meus amigos por perto. O conceito de férias tem que ser revisado.
Eu sei que qualquer coisa é melhor que biologia, mas minhas férias ficariam mais emocionantes com um pouco de genética, um misto de meiose e mitose e quem sabe os benditos cromossomos emparelhados. Pensando melhor, não. É que justo agora, depois de esperar 12 anos por esse agora, eu faria de tudo para ter ao menos uma segunda-feira pelos velhos tempos de escola.