19/04/2007
Grito por socorro mas provavelmente não serei escutado. Onde se escondeu esse tal de servidor? Há mais de três horas que tento encontrá-lo! E enquanto isso, nada de Internet. Experimento um livro como passatempo mas são as linhas que passam desapercebidas sobre mim . Ainda procuro o servidor na minha mente. Um filme talvez poderia ajudar a esquecer...
(2 horas depois)
...Ótimo, o filme acabou e aqui estou de novo, em frente à tela. Cara a cara com o desaparecido. Preciso desesperadamente de uma conexão. Algo que me traga de volta à ativa. Busco pistas. Inutilmente. Não tenho onde buscar, o Google também não existe sem o servidor. Já somam 5 sufocantes horas sem contato.
Preciso respirar urgente, me sinto no fundo, no fundo do mar, mesmo. A superfície deve ser uma utopia. Estou onde nem os raios do Sol conseguem alcançar. Não sei mais se meus olhos estão abertos ou fechados. A escuridão de ambos é a mesma.
Houston? Tenho um grande problema e não faço a mínima idéia de como resolvê-lo. Tem algum santo do servidor não encontrado? Um desses que se distribuem folhetinhos na rua? Se não tem, acabei de inventar. Meu santo, santinho, tenha piedade de mim, traga a luz para a placa de rede, traga o servidor de volta. Misericórdia com o hardware. Salve meus e-mails que vagam pelos bytes, salve os sites desamparados sem mim. Proteja-nos da vastidão desértica do obscurantismo!
Talvez seja só impressão, mas na minha testa deve estar escrito em letras bem grandes e garrafais: unpluged! Para os leigos: desconectado! Mas percebo que, na situação atual, o leigo sou eu.
Mãe, agora eu sei como você se sente. Ver tanta tecnologia e não poder tirar nem uma casquinha. Sei que no seu caso é por não saber mesmo. Mas imagine eu, que estou sendo impedido por uma força maior que rege a órbita misteriosa dos servidores.
Sou um escravo do atraso dentro de minha própria fortaleza que vejo desmoronar na minha frente. E o pior, nada posso fazer. Não me restam alternativas a não ser o Ctrl+Alt+Del. ‘Reseto’ um dia para ser esquecido. O dia em que me vi só, o dia em que a aldeia global não passou de uma miragem.
E pensar que eu só queria poder dizer para o mundo que eu continuo vivo. Mas quem se importa?