15/12/2005
Ano após ano o natal chega mais rápido, mais intenso e menos natal. Aquecendo o capital, de olho no lucro do bolso do velhinho. Os piscas-piscas anunciam o soar de um sino mudo e na meia vai o 13º. A risada com voz rouca não é mais rouca e as barbas nem se preocupam em se disfarçar. Noeis magros e pálidos, as bochechas rosadas são de vergonha. Bom menino ou mau tanto faz, as festas natalinas são para poucos, só para raros privilegiados pelo sistema do capitalismo.
Banquetes, presentes, enfeites e máscaras, alguém se lembra de Jesus Cristo? Diz a bíblia, aquele livro sagrado, que nasceu no dia 25 de dezembro quando brilhou a tal da estrela do norte. Só que inventaram agora que a estrela brilha toda hora, o tempo inteiro, não importa em que mês estivermos, seja outubro, novembro e até mesmo janeiro. Natal era para ser especial, o dia em que olhamos para aquele que olha por nós. Ao invés disso decretamos a matança, imagine o quão feliz é o natal dos perus. Mortos à balde no dia do nascimento do filho Dele. Filosofias de vida à parte, o natal era para ser a data que reunimos nossa família, não importa se 2 ou 60. Era para ser o dia em que a lenda do Papai Noel renasce, a época do ano em que o olho de cada criança brilha mais forte que a tal da estrela do norte.
Mas não.
Ano após ano o natal morre. E com ele leva a luz da esperança, cada vez mais longe de nós, cada vez menos no fim do túnel.