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Construindo escolhas A Orientação Profissional ou Vocacional começou com a psicologia científica no início do século passado, cuja preocupação consistia em colocar o homem certo no lugar certo (“the right man in the right place”)

16/07/2009



A Orientação Profissional ou Vocacional começou com a psicologia científica no início do século passado, cuja preocupação consistia em colocar o homem certo no lugar certo (“the right man in the right place”). Baseando-se em testes psicométricos, procurava “diagnosticar” a vocação, perfil e habilidades daquela pessoa, a fim de colocá-la na função em que teria melhor rendimento.

Hoje, os motivos que levam alguém a procurar por orientação são bastante diferentes. Ela não é mais requerida pelas corporações, visando ampliar a produtividade e os lucros, mas sim buscada espontaneamente pelos indivíduos, que, deixados à deriva em um mar de opções e possibilidades profissionais, buscam ansiosamente construir um caminho profissional que seja condizente com seus desejos e, também, possibilite uma colocação no mercado.

Nos últimos anos o crescimento dos cursos superiores é espantoso: dos pouco mais de 100 que havia em 1999, hoje, 10 anos depois, contamos com mais de 360 cursos. O jovem que se depara com a escolha, hoje, ainda encontra um mercado instável e carreiras incertas. Com a mesma velocidade que cursos são criados, profissionais tornam-se obsoletos ou carreiras promissoras tornam-se menos valorizadas em um mercado saturado. A carreira de Ciências Atuariais, por exemplo, extinta por alguns anos na USP, voltou a ser oferecida, sendo bastante requisitada pelo mercado. Por outro lado o STF determina que não é mais obrigatório possuir o diploma em Jornalismo para atuar na área, complicando ainda mais a vida do profissional graduado que já enfrenta um mercado saturado.

Diante deste cenário, apenas uma coisa é certa: a mudança. Desta forma, este jovem que busca definir uma escolha não pode se basear exclusivamente em uma previsão de mercado, pois com certeza estará bastante diferente depois os 5 anos (em média) de graduação que percorrerá. É importante buscar conhecer, além de suas determinações pessoais, gostos e afinidades, ambiente (familiar e social) em que está inserido e as expectativas que estes lhe colocam.

Não se trata apenas de equacionar estes fatores e tomar uma decisão pontual. A carreira, hoje, não se define em apenas uma escolha; é um processo contínuo de transformação - e de novas decisões. Trata-se de um projeto pessoal que vai sendo continuamente reavaliado, está em contínua construção. Mais do que tomar uma única decisão, é preciso aprender a escolher, ou melhor, a planejar.

Para tanto é fundamental o jovem (ou o profissional) conhecer a si (autoconhecimento) e buscar informações externas. Sem a clareza de suas determinações, não poderá construir um projeto seu, com o qual se verá implicado e motivado; e sem as informações externas, terá dificuldades em construir um projeto viável, que atinja seus objetivos.

Retomando ao início deste artigo, estes são apenas alguns dos fatores que fazem com que a Orientação, hoje, tenha mais importância para as pessoas do que para as corporações. O percurso profissional não é mais guiado ou determinado pela empresa em que se atua, mas é construído por cada um. E a Orientação é uma das formas de instrumentalizá-lo para esta complexa tarefa que é navegar em meio a tantas instabilidades e possibilidades de sucesso.

Marcos Moura
Psicólogo e Psicoterapeuta especializado em Orientação Profissional e de Carreira, atua junto à equipe do Serviço de Orientação Profissional e de Estudos (SOPE) do Curso e Colégio Anglo.


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