10/05/2007
Caros amigos marcianos,
Existe uma tênue linha que divide o estereótipo de exagerado escrito por Cazuza da cruel cafajestagem holywoodiana. Acredite, por mais que elas digam, mulher alguma quer um poeta 24 horas.
O romantismo enjoa. Depois de um tempo elas são capazes de explodir a tiro de bazuca qualquer rima que se atreva a cruzar seus ouvidos. Experiência própria, eu mesmo tenho uma modesta coleção de poemas veteranos mutilados. O ministério da vagina adverte: rosas vermelhas em excesso causam gastrite. E então amigo, você vai de fofo, meigo e carinhoso a um chiclete de masculinidade duvidosa.
Do outro lado do paredão de fuzilamento, camaradas, o cafajeste. Esse estilo não enjoa o sexo oposto. Na verdade, a impressão que fica é de que vicia. Ingenuidade, essa impressão barata só sucede pela velha regra de posse presente em todo e qualquer relacionamento saudável e insano. O cafajeste não se deixa possuir e o alter ego do mulheril não admiti tal blasfêmia. Ele pisa em ovos e faz gemadas enquanto ela se deixa ser pisada acreditando que essa vida de tapete é só um breve momento que antecede a sua posse definitiva.
Logo, o pensamento machista cria a célebre e imbecil idéia de que o universo feminino não precisa sequer de um único verso, e que bastam 3 minutos em média de prazer para que o papel de macho alfa seja cumprido com louvor.
Sejamos francos, homens, assumir-se cafajeste é decretar a condição de nômade. Depois de um tempo, o alter ego dela simplesmente desiste de virar gemada. A busca de novos tapetes se faz necessária e apesar de prazerosa em termos libidinosos, é cansativa. Construir universos de mentiras é muito menos rentável do que dizer uma verdade cósmica.
O fato é que elas não querem nem poesia e nem uma fila com senha para 3 minutos em cima de um tapete cheirando a ovo.
Se elas pudessem escolher, aposto que escolheriam não querer e assim criariam em pleno solo terrestre um Vênus utópico onde triunfariam os vibradores e a tpm. Mas elas não podem, espero que não. E se você chegou até aqui pensando que por ser uma carta de utilidade pública, uma fórmula secreta seria revelada, esqueça. Se contente em ser uma linha e certifique-se de que ela seja tênue.