06/07/2006
Orgulho de ser brasileiro não é ganhar sempre, o orgulho não aumenta com o hexa, mas incrivelmente diminui sem ele.
Aqui, em Barcelona, longe de tudo, da imprensa, da torcida, dos 180 milhões de técnicos, eu chorei as lágrimas da derrota. Isso tudo até perceber que futebol se joga para ganhar ou perder, e quando se esquece de jogar as probabilidades do fracasso, estas se convertem em evento quase certo.
Do céu ao inferno, os jogadores agora enfrentam suas merecidas, ou não, vias crucis. Mercenários não são, o que acontece é que ganham mais dinheiro do que o necessário. Se isso atrapalha ou ajuda, só saberei no dia que ganhar milhões para fazer o que mais gosto na vida.
A questão é que a bola é paixão nacional e ninguém sabe lidar com uma decepção amorosa. Nos transformamos em bestas racionais, traídos pela genética da memória fraca.
Desde logo amar é sofrer, mas sofrer não significa deixar de amar. Sugiro um tempo para essa relação, ambos os lados precisam olhar para dentro agora. Dediquemos nosso orgulho de ser brasileiro à nossa órfã política.
Esse é o ano de eleição e todo mundo já esta barbudo de saber que carisma não põe comida no prato. Em outubro, estarei de volta para exercer meu direito obrigatório de votar.
Coloquemos a redonda no banco, o jogo agora já deixou de ser jogo há muito tempo.