28/11/2005
Pode parecer loucura e é, mas eu tenho 5 minutos para escrever esse texto. Sobre o que eu ainda não tenho certeza. Quatro minutos e vinte segundos e eu não faço a mínima idéia de como começar. Mais dez segundos se passaram, eu preciso escrever. Uma rápida retrospectiva do meu dia. Nada de interessante. Necessito de algum assunto... Algum assunto... Algum assunto... Tempestade de idéias. Não adiantou. Decreto estado de emergência devido à seca. Três minutos e quarenta segundos, me bate agora uma crise existencial. Dezessete anos estudando, mulheres, vários amigos, filmes, livros, venturas e desventuras. Uma vida inteira e nenhum assunto! Dois minutos e cinco segundos, uma lágrima cai sobre meu rosto, deslizando suavemente na minha bochecha, contornando meu nariz, repousando em meus lábios, caindo solenemente sobre a mesa. Um minuto e trinta e cinco segundos: Acompanhando aquela lágrima um batalhão de outras desordenadas, não respeitando contornos, apenas jorrando no compasso do meu desespero. Menos de um minuto, o silêncio de idéias é tanto que eu ouço meu coração. Trinta segundos. Agora eu não ouço mais nada. Dez segundos, a nona sintonia de Beethoven toma conta de cada canto da sala. Devo ter morrido. ”- Deus?”. Não, é meu celular. A luz apagou, o sino bateu, o tempo acabou. E agora? Eu fujo. Para onde não exista tempo, para onde não precise dar tempo ao tempo, para onde não se perca e nem se ganhe tempo, para onde não tenha tempo para nascer; tempo para morrer; tempo para amar; tempo para poder esquecer, para onde 5 minutos não sejam apenas 300 segundos, mas sejam eternos. Mas a utopia não veio, muito menos meu texto. Antes fosse Deus.