15/06/2018
Está faltando dinheiro e sobrando mês? Precisa sempre ganhar mais? Talvez não. O que possivelmente você precise trabalhar melhor são as suas emoções e o seu tempo. Como assim? É isso que nós vamos ver agora.
Independentemente do nosso conhecimento técnico sobre finanças,
as nossas emoções e a gestão de tempo têm grande responsabilidade sobre a
nossa saúde financeira. Eu diria que são as maiores responsáveis por
ela. Claro que é muito importante você ter pelo menos uma base sobre o
que é um tesouro direto, as diferenças entre os fundos etc., para fazer
seu dinheiro crescer. O que nós vamos falar hoje vem antes disso. Se
você não gerir bem as suas emoções e o seu tempo, não vai adiantar nada
você ser um home broker. Não vai sobrar nada para você investir por
maior que seja o seu rendimento. Você pode perceber isso em muita gente
que ganha na loteria e perde tudo. Ou pessoas que têm salários
astronômicos e não constroem nada, enquanto aquele que ganha bem menos
organiza um futuro tranquilo.
O conhecimento técnico sobre finanças, eu diria que é a ponta do
iceberg de uma boa saúde financeira. Logo abaixo vem a boa gestão do
tempo. Por que muitas lojas ou empresas prestadoras de serviços cobram
as chamadas taxas de urgência, mesmo que um pedido urgente não mexa
muito na rotina daquele fornecedor? Porque eles sabem que quando você
precisa de algo rápido, quando você não tem tempo para procurar, você
paga o preço que for para ter o seu desejo atendido.
Ainda falando sobre o tempo, vamos a um exemplo bem simples, mas
que pode dizer muito sobre a sua saúde financeira. Domingão, você acorda
tarde, se enrola com um monte de coisas que não levam você a nada, fica
pra lá e pra cá à toa e quando você vai ver no fim do dia, não fez
absolutamente nada e muito menos organizou a marmita da semana. Está
achando brega, coisa de pobre falar de marmita? Pode começar a mudar a
sua cabeça! Marmita, além de bem mais saudável para o corpo e para o
bolso, está ficando até algo chique.
E a consequência disso: a semana inteira você ter de almoçar em
restaurante porque você decidiu jogar o seu tempo fora no domingo. E
provavelmente vai almoçar no restaurante mais perto do seu escritório – e
que não necessariamente é o mais barato – porque não conseguiu terminar
as tarefas de trabalho da manhã e vai usar parte do horário do almoço
para fazer isso.
Gerir mal o tempo faz com que percamos o poder de análise para
usar o nosso dinheiro de maneira correta. Então, se você quer fazer o
seu dinheiro render mais no fim do mês, comece a dar mais atenção ao seu
tempo. Olhe para a sua agenda com mais carinho e dentro dela separe
efetivamente o seu tempo para organizar a sua vida financeira da próxima
semana.
Exatamente isso que você ouviu - assim como você planeja – ou
deveria planejar – os seus compromissos da próxima semana, planeje os
seus gastos da próxima semana. Tem muita gente que acredita que investir
na saúde financeira é anotar o que já gastou. Com certeza isso é
importante e precisa ser feito. Mas vamos olhar para frente. Use o seu
tempo hoje para evitar os gastos de amanhã.
Não jogue fora o seu tempo com coisas que não vão lhe trazer
nenhum ganho. Aqueles 20 minutinhos que você coloca na soneca do
despertador não vão contribuir em nada com a qualidade do seu descanso e
podem ser decisivos na sua saúde financeira. Eles podem ser a diferença
entre você ter de pegar um uber porque não vai dar tempo de ir de
ônibus, por exemplo.
Agora quero falar sobre as emoções, que são a base de toda essa
estrutura. Você só vai conseguir organizar bem seu tempo e ter uma boa
saúde financeira se você gerir bem as suas emoções, pois são elas que
vão direcionar as suas decisões.
Mas como isso funciona? Primeiro vamos olhar para as nossas
compras. Muitas vezes compramos coisas que “acreditamos” precisar, só
que no fundo estamos adquirindo um conforto temporário para a nossa
alma.
A compra do nosso carro, por exemplo. A grande maioria da
população, se levasse em conta apenas a sua real necessidade, compraria
um carro bem mais simples do que efetivamente o faz , ou até mesmo
constatando que as suas reais necessidades podem ser atendidas por um
Uber. Você compra um carro muito mais pela sensação que ele lhe dá do
que pela utilidade daquele modelo para você.
Muitas das nossas decisões financeiras são motivadas pela inveja.
Ah, lá vem você dizendo novamente ‘eu não sou invejoso!’. É. Dá uma
olhadinha no seu armário e veja se você nunca comprou absolutamente nada
porque um amigo ou um parente tem e depois não usou.
Nós gastamos dinheiro por vergonha. Vergonha de achar que não
estamos condizentes com os nossos amigos. Nós gastamos dinheiro por
culpa. Principalmente com a família. Filhos, esposa marido, vivemos
compensando financeiramente a nossa falta de atenção ou de interesse.
Nós gastamos dinheiro por insegurança, porque temos medo de não
sermos aceitos em determinados locais ou meios que nos interessam.Nós
gastamos dinheiro por ansiedade, porque nos sentimos pressionais e
queremos compensar nos dando algum prazer que acreditamos que um produto
ou uma situação pode nos dar ou nos aliviar de algo que nos incomoda.
Um exemplo que eu gosto muito é o do celular. Gastamos 3 mil, 3.500 reais em um celular que tem 500 recursos dos quais só usamos 10%. Justamente os 10% que também estão presentes em modelos mais simples, mas que não vêm em uma caixinha brilhante com uma maçã mordida estampada. Mais uma vez as emoções mandando nas decisões que poderiam ser racionais.
Vamos tomar cuidado para não confundir ‘eu quero’ com ‘eu
preciso’. E também não confundir o que eu efetivamente quero. Eu
efetivamente quero aquele celular cheio de coisas que eu não sei mexer
ou eu quero a sensação de inveja ou de pseudo admiração que eu acredito
que provoco?
Por isso, vamos olhar com mais carinho para o nosso tempo e
também para a nossas emoções. A saúde do corpo, da mente e do bolso
agradecem.